Neste artigo, buscou-se apresentar os resultados da pesquisa que investigou a Psicodinâmica do Trabalho dos magistrados do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, utilizando a metodologia da Clínica Psicodinâmica do Trabalho preconizada por Christophe Dejours, em todas as suas etapas e fases. Participaram do estudo 13 magistrados trabalhistas, dentre os quais desembargadores, juízes titulares e substitutos ao longo de 9 encontros. Os dados produzidos foram examinados com base na análise clínica do trabalho, organizada em três eixos temáticos: a) organização do trabalho; b) mobilização subjetiva e c) sofrimento, defesas e patologias. Os principais resultados evidenciaram identificação com o trabalho e vivências de prazer por meio da atividade jurisdicional, principalmente na realização de audiências, acordos e resolução de conflitos entre as partes. As vivências de sofrimento referem-se principalmente à sobrecarga de trabalho, falta de estrutura de pessoal para assessorar os juízes de primeiro grau, além da falta de reconhecimento pelos pares e pela própria Instituição. Por vezes esses sofrimentos acarretaram prejuízos na saúde e comprometimento na vida pessoal e familiar dos magistrados. A experiência da clínica do trabalho promoveu a mobilização subjetiva ao propiciar um espaço de discussão das vivências de prazer-sofrimento no trabalho, o resgate da cooperação, a troca de experiências e da inteligência prática. Ao possibilitar a ressignificação do processo de adoecimento, a clínica favoreceu novos sentidos ao trabalhar na magistratura, sendo sugerido um programa permanente da Clínica Psicodinâmica do rabalho como um espaço coletivo privilegiado de promoção e prevenção à saúde, podendo vir a ser potência de mudanças na organização do trabalho da categoria investigada.