As coleções fotográficas do Hospital psiquiátrico de Miguel Bombarda

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ISSN: 1981-6766
Editor Chefe: Maria Isabel Sousa Barreira
Início Publicação: 10/06/2007
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Ciência da informação

As coleções fotográficas do Hospital psiquiátrico de Miguel Bombarda

Ano: 2016 | Volume: 10 | Número: 3
Autores: A. F. Cascais
Autor Correspondente: A. F. Cascais | [email protected]

Palavras-chave: fotografia, psiquiatria, loucura, estigma

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

No âmbito do Projeto de I&D “História da Cultura Visual da Medicina em Portugal”, coordenado pelo autor, foram encontrados vários conjuntos de fotografias no Hospital Miguel Bombarda, o mais antigo hospital psiquiátrico português. Dois deles são particularmente relevantes do ponto de vista científico e psiquiátrico. O primeiro data do início do século XX (antes de 1910) e o segundo e maior das décadas de 1920 e 1930 e foram criados na(s) época(s) em que os eminentes psiquiatras portugueses Miguel Bombarda e Sobral Cid foram diretores da instituição. As fotografias pretendiam retratar os estigmas característicos da doença mental e são analisadas no presente texto sob o prisma teórico e o campo concetual da Cultura Visual da Medicina. O uso da fotografia na medicina, tendo gozado de grande favor como instrumento de revelação do invisível (o inconsciente ótico) ao olhar médico, na medida em que captava a realidade dos sintomas e dos estigmas enfim fixados em provas verdadeiras e objetivas capazes de se substituir à retórica das descrições e especulações próprias da narrativa, perdeu credibilidade e autoridade à medida que foram mudando os estilos de raciocínio médico, as conceções de saúde e de doença e as atitudes sociais e políticas.



Resumo Inglês:

Within the scope of the R&D Project “History of the Visual Culture of Medicine in Portugal”, coordinated by the paper’s author, several large sets of photographs were retrieved at the oldest psychiatric hospital in the country, the Hospital Miguel Bombarda. Two of them are particularly relevant from a scientific and psychiatric standpoint. The first set dates back to the early twentieth century (before 1910) and the second and largest set dates roughly from the 1920s and 1930s and they were taken at the time(s) when eminent Portuguese psychiatrists Miguel Bombarda and Sobral Cid were directors of the institution. They aim at portraying the stigmata of mental illness and the present paper approaches them through the theoretical lens and the conceptual framework of the Visual Culture of Medicine. The use of photography in medicine, having enjoyed great favor as a tool to reveal the invisible (the optical unconscious) to the medical gaze, by capturing the reality of symptoms and stigmata finally frozen in truthful, objective proofs and thus replacing the rhetorics of narrative descriptions and speculations, has lost credibility and authoritativeness as medical styles of reasoning, concepts of health and disease and societal and political attitudes changed.