Ao remontar às raízes que interligam os territórios latino-americanos, sobretudo o brasileiro, às lógicas operativas do capitalismo transnacional, nos aliamos a tese de Quijano, segundo a qual, a globalização em curso é, em primeiro lugar, a culminação de um processo que começou com a constituição da América e do capitalismo colonial/moderno e eurocentrado como um novo padrão de poder mundial. Nesse cenário, com o avanço do neoliberalismo e as grandes ondas de privatização, as corporações transnacionais se tornam uma das mais poderosas instituições do nosso tempo, com o apoio estratégico dos Estados. Um “mercado mundial” formado por um entrelaçamento de coalizões de entidades públicas e privadas promovem diferentes interesses de poderes estatais e econômicos, consolidando um “governo empresarial”, que exerce papel central na exploração e transferência das riquezas do Sul global para o Norte. Paralelamente a este processo, violações de direitos humanos causadas por estas empresas passam a ser cada vez mais contestados pela sociedade civil e por fóruns internacionais, objetivando romper com que vem sido chamado de “arquitetura da impunidade”, a partir da imposição de termos como governança e autorregulação. A partir de pesquisa bibliográfica, este artigo pretende analisar como operam as lógicas coloniais de normatização da atuação dessas empresas no Sul Global.
In summing up the roots that link Latin American territories, especially brazilian ones, with the operative logics of transnational capitalism, we agree with Quijano's thesis that globalization is, in the first place, the culmination of a a process that began with the constitution of America and colonial/modern and eurocentric capitalism as a new world power standard. In this scenario, with the advance of neoliberalism and the great waves of privatization, transnational corporations become one of the most powerful institutions of our time, with the strategic support of the states. A "global market" formed by an interlocking of coalitions of public and private entities promotes different interests of state and economic powers, consolidating a " entrepreneurial governance" that plays a central role in the exploration and transfer of wealth from the global South to the North. Parallel to this process, civil society are aiming to break with what has been called "architecture of impunity", that prevents accountability of transnational corporations for human rights violations, from the imposition of terms such as governance and self-regulation. From a bibliographical research, this article intends to analyze how the colonial logics of normalization of the performance of these companies operate in the Global South.