Para problematizar a concepção pedagógica da linguagem como representação de um
mundo previamente dado, o ensaio discute a condição instituÃda cultural e socialmente do
fenômeno da linguagem fixado na palavra dita ou escrita. Esta condição de privilégio nas
concepções educativas ocidentais coloca os bebês e as crianças bem pequenas fora de uma
“zona intelectual†considerada relevante, já que estão aprendendo a conhecer o mundo adulto
das palavras. Tal processo de exclusão é evidenciado pela ampla simplificação pedagógica
dos termos narrativa, imitação, ficção, lúdico, imaginação, dada pela desconsideração da
experiência temporal e corporal de aprender a estar em linguagem. Na contemporaneidade, a
fragmentação da linguagem em sonora, gestual, visual, oral e escrita, tende a assumir o lugar
ocupado pelo ensino de conteúdos através das áreas correspondentes de conhecimento. Para
encontrar outro caminho, propomos a ampliação da compreensão do fenômeno da linguagem
como uma gramática do mundo pela qual aprendemos a habitar o mundo e a nós mesmos, um
modo de aprender a dizer e a dizer-se, de tornar o mundo inteligÃvel no e pelo encontro -
geracional e de pares, aquele que permite compartilhar e instituir sentidos no mundo e com o
mundo