Tambor de Mina é o nome da religião afro-brasileira no Maranhão e na Amazônia estabelecida
a partir de São LuÃs desde meados do século XIX. Existem duas casas fundadas por africanos
que se continuam: a Casa das Minas Jeje, de origem daomeana e a Casa de Nagô, iorubana de
onde derivam a maioria dos terreiros de Mina recentes e atuantes. Trata-se de religião muito
ritualizada e discreta, envolvida em segredos e mistérios cuja mitologia é pouco comentada e os
rituais muito desenvolvidos. As religiões afro-brasileiras se caracterizam pela realização de
festas com transe, danças e comidas que atraem muitos participantes. A comida é bastante para
oferecer a todos e distribuir as sobras. A fartura nas festas maiores constitui um dos elementos
de prestÃgio das casas. O texto baseia-se em entrevistas com lÃderes de um terreiro antigo e de
duas casas recentes, sobre comida de santo nas festas. Na linguagem de Mauss o sacrifÃcio
constitui obrigação que estabelece uma comunicação entre o mundo sagrado e o profano. O
preparo e o consumo da comida de santo permitem conhecer aspectos do sincretismo e dos
simbolismos nos rituais.
Tambor de Mina is the name of the Afro-Brazilian religion in Maranhão and Amazon
established in São LuÃs (capital of Maranhão state) since the mid-nineteenth century. There are
two matrix-houses founded by Africans: Casa das Minas Jeje, a Dahomean origin house and
Casa de Nagô, originally Yoruba and from which most of the Tambor de Mina’s houses come
from. It is a very ritualized and discrete religion, involved in secrets and mysteries whose
mythology is not frequently commented upon and its rituals are highly developed. Afro-
Brazilian religions are characterized by the performance of parties with trance, dance and food
which attract many participants. Food is enough to be offered to everyone and have the
remains distributed. The abundance of food during the bigger festivities constitutes a prestige
element to the houses. According to Mauss, sacrifice is an obligation that establishes
communication between sacred and profane. The preparation and consumption of holy feast
food allow us to know aspects of syncretism and symbolisms in rituals.