O uso da imaginação e a produção de modelos é uma das marcas
distintivas da atividade cientÃfica. Ainda assim, na educação
básica, as ciências são normalmente caracterizadas como sendo
uma mera coleção de fatos obtidos mediante a observação rigorosa
realizada por meio de métodos objetivos de investigação.
Essa visão de ciência empirista-indutivista deixa pouco espaço
para compreendermos o caráter provisório do conhecimento e o
papel da imaginação na produção das ciências. Neste trabalho relatamos
alguns resultados de uma pesquisa destinada a promover
imagens mais sofisticadas da atividade cientÃfica entre estudantes
de uma turma de Ensino Fundamental, acompanhados enquanto
cursavam a 7a e a 8a séries. Nesse perÃodo, os estudantes tiveram a
oportunidade de lidar com um professor de ciências especialmente
comprometido com o objetivo de sofisticar o conhecimento epistemológico
de seus estudantes e motivado para participar de nossa
pesquisa. Os resultados indicam que os estudantes reconhecem a
importância e a legitimidade do uso da imaginação na produção das ciências. Eles parecem ter sido paulatinamente convencidos
durante os dois últimos anos do Ensino Fundamental de que para
explicar é preciso ir além do que se pode efetivamente observar.
Os estudantes adquiriram a convicção de que não se avalia a
qualidade de uma explicação ou teoria levando-se em conta se ela
contém mais ou menos elementos extraÃdos da imaginação. O critério
para realizar tal avaliação desloca-se para o julgamento do
acordo entre teorias, explicações, observações e evidências.
The use of imagination and production of models are distinctive
traits of scientific activity. Despite of that, basic school Science
Education characterises Science as a mere collection of facts
obtained from neutral and rigorous observations of things and
phenomena combined with objective scientific methods of
investigation. This empiric-inductive view of Science lets little
margin to understanding the tentative character of scientific
knowledge and the crucial creative and imaginary human role
plays in its production. In this work, we report part of the results of
a research aimed at promoting the development of more
sophisticated images of Science and of scientific knowledge among
Middle School students during the last two grades, i.e., grades 7
and 8. Along that time those students were taught by a young and
enthusiastic Science teacher committed to the idea of creating
opportunities for promoting reflections about some aspects of the
nature of scientific activity. Results indicate that the students came
to acknowledge the importance and legitimacy of using
imagination in scientific knowledge production. They seemed to
have been gradually convinced through that two-year period about
the idea that in order to produce good explanations one must go
beyond that immediate tangible and observable reality. Students
appeared convinced that explanation or theory evaluation do not
depend on if it contains more or less elements of imagination. It is a matter of judging the quality of the agreement between the
explanation and the available evidences.