O artigo apresenta uma reflexão sobre a proposta Comuna da Terra, idealizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como experiência que busca articular a luta pela re-forma agrária às dinâmicas socioespaciais urbanas. Fundamentado em pesquisa desenvolvida no Assentamento Milton Santos, localizado entre os municípios de Americana e Cosmópolis (SP), o texto analisa o processo de formação dessa modalidade de assentamento, seus princípios organi-zativos e as implicações sociais e territoriais decorrentes da sua implementação. O estudo parte da compreensão de que as transformações econômicas e políticas do país, especialmente a partir da década de 1990, impuseram ao MST a necessidade de redefinir estratégias de luta e ampliar sua atuação para além do campo tradicional, aproximando-se das demandas das populações urbanas. Assim, a Comuna da Terra configura-se como uma resposta histórica à expropriação e à precarização do trabalho, propondo um modelo de ocupação que combina cooperação, produção agroecológica e gestão coletiva da terra.