Este artigo examina a conceptualização metafórica da morte em gêneros discursivos midiáticos contemporâneos — manchetes jornalísticas, memes e postagens no X — à luz da Linguística Cognitiva e da Teoria da Metáfora Conceptual. Com base em um corpus de cinquenta ocorrências coletadas entre 2020 e 2025, a análise qualitativa, de caráter multimodal, permitiu mapear quatro metáforas recorrentes: MORRER É PARTIR, MORTE É SONO, MORTE É FALHA DE SISTEMA e MORTE É PERSONAGEM ANIMADO. Embora ancoradas em esquemas conceptuais convencionais, tais metáforas revelam-se altamente plásticas, assumindo funções discursivas distintas conforme o gênero: nas manchetes, contribuem para a solenização de tragédias ou a suavização da perda em obituários; nos memes, operam entre a banalização humorística e a crítica social irônica; no X, articulam registros de conforto afetivo e de performatividade debochada. Ao articular permanências culturais e inovações situadas, a análise evidencia que a metáfora da morte, longe de mero ornamento retórico, constitui um dispositivo cognitivo-discursivo central, capaz de reconfigurar a experiência da finitude em contextos digitais. O estudo demonstra, assim, que a morte se configura como lugar discursivo de disputa, no qual se tensionam solenidade, banalização e contestação, iluminando a interseção entre linguagem, cognição e cultura no espaço midiático contemporâneo.