Considerando ser o fenômeno da linguagem um repositório de valores e significados culturais conforme pontua Stuart Hall (2016), o presente estudo tem por objetivo demonstrar a existência de uma relação íntima entre língua e identidade, partindo para isso dos trabalhos de Labov (2008) desenvolvido no período de 1991/1992 na ilha de Martha ́s Vineyard, e Frantz Fanon (2008) acerca da relação entre o negro e a linguagem abordada em um dos capítulos da obra Pele negra, mascara branca. Toma-se como aporte para as discussões os estudos de Bauman (2005), Fanon (2008), Gusdorf (1976), Hall (2006) (2016), Labov (2008) e Lott (2013). De modo, que pôde-se, portanto perceber que as fronteiras que segregam o estudo da língua e da identidade são consideravelmente tênues, tendo em vista que também as marcas identitárias encontram-se abrigadas/resguardadas na língua. Sendo assim, tornou-se possível constatar que de fato há uma relação íntima entre língua e identidade evidenciada tanto em Labov (2008), quanto em Fanon (2008), aonde respectivamente, o processo de centralização dos ditongos /ay/ e /aw/ representa um movimento de resistência e preservação de uma identidade linguística, e a apropriação da língua francesa por parte do negro antilhano muito mais que a tomada de um novo código linguístico, representa a tentativa de ocupar uma cultura e identidade privilegiada.
Considering that the phenomenon of language is a repository of values and cultural meanings as Stuart Hall points out (2016), the present study aims to demonstrate the existence of an intimate relationship between language and identity, starting from the works developed by Labov (2008) in the period 1991/1992 on the island of Martha's Vineyard, and Frantz Fanon (2008) on the relation between black and the language discussed in one of the chapters of the work Black skin, white mascara. The studies of Bauman (2005), Fanon (2008), Gusdorf (1976), Hall (2006) (2016), Labov (2008) and Lott (2013) are taken as contributions to the discussions. Thus, one could therefore perceive that the frontiers that segregate the study of language and identity are considerably tenuous, since identity marks are also sheltered in the language. In this way, it is possible to verify that there is in fact an intimate relationship between language and identity evidenced both in Labov (2008) and Fanon (2008), where respectively the process of centralization of the diphthongs a and / represents a movement of resistance and preservation of a linguistic identity, and the appropriation of the French language by the black Antillean much more than the taking of a new linguistic code represents the attempt to occupy a culture and privileged identity.