O texto analisa como as Baianas se converteram em um poderoso ícone de nacionalidade brasileira. Para tanto, acionamos como principais referências as pistas encontradas em algumas pesquisas e alguns estudos, assim como as observadas em outros tipos de representações tais como os textos jornalísticos e as letras de músicas do cancioneiro popular nacionais. Neste sentido, este artigo apresenta em que contexto, em que medida e em quais sentidos as Baianas – mulheres negras egressas de Salvador e cidades do Recôncavo do estado da Bahia – desembarcam no Rio de Janeiro em meados do século XIX, então capital nacional, aí emergindo no imaginário coletivo como porta-vozes de uma ancestralidade que representa uma perspectiva de nacionalidade que anuncia, enuncia, integra e identifica socioculturalmente uma parcela significativa da população deste país. Presença marcante e inconfundível em algumas festas como o carnaval do Rio de Janeiro ou naquelas lidas como públicas e populares da Bahia como a de Santa Bárbara, a do Senhor do Bonfim e a de Yemanjá, as Baianas vetorizam e congregam tradição e modernidade em distintas temporalidades.