A realidade humana é apresentada por Sartre como liberdade e indeterminação, o que implica dizer que não podemos contar com definições ou determinações a priori, mas que, na medida em que existimos, devemos nos fazer. Tomando como ponto de partida essa concepção da condição humana de liberdade, questionamos como é possível a essa existência livre movimentar-se em um mundo repleto de regras e orientações. Assim, nesta comunicação, nos propomos tomar como base o pensamento sartreano para refletir sobre o
modo como nos relacionamos com valores e demais referências de teor normativo. Sartre afirma que nenhum imperativo, regra ou moral pode determinar de modo causal nossas ações e, dessa forma, cabe a nós sermos legisladores de nós mesmos. Buscaremos apresentar o modo como isso se dá. Em tempos como o nosso, em que voltam a ganhar força e espaço movimentos e discursos moralizantes e normatizadores, que visam fixar valores, normas e verdades universais e absolutas, torna-se relevante a retomada de pensadores que, como Sartre, buscaram afirmar e resgatar nossa condição de liberdade e o caráter de agente da nossa própria história – tanto coletiva, quanto individual.
Human reality is exposed by Sartre as freedom and indetermination, which means that we cannot rely on a priori definitions or determinations, but, as we exist, we must make ourselves. Taking as a starting point this conception of the human condition of freedom, we ask how is possible to this free existence to move in a world full of rules and guidelines. Thus, in this paper, we propose to reflect on the sartrean understanding of how we relate to values and other normative content references. Sartre affirms that no rule, imperative or moral could determine causally our actions and it is up to us to be ourselves legislators. We aim to show how it happens. In times like ours, in which movements and moralizing speeches return to gain strength and space, trying to set universal and absolutes truths, values and norms, becomes relevant the resumption of thinkers like Sartre, who sought to affirm and rescue our condition of freedom and the agent character of our own history - both collective and individual.