A questão da cultura permanece não suficientemente investigada dentro do pensamento de Arendt, seja pela escassez de seus escritos a respeito desta, seja pela negligência quanto à importância da cultura dentro do arcabouço teórico arendtiano. A partir da imersão fenomenológico-hermenêutica realizada por Arendt, é-nos possível desvelar o horizonte de sentido pelo qual a filósofa entendia o termo cultura e sua manifestação própria dentro da história, a qual tem de ser admitida aqui como sempre fugidia, como algo que não pode ser apreendido inteiramente, como desejavam as modernas filosofias da história. Analisa-se aqui, portanto, as origens da questão da cultura, suas manifestações primeiras na Roma e Grécia antigas, bem como reconstrói-se a direção de sentido da própria cultura a partir da análise de sua relação de distanciamento e aproximação para com a política, algo que desvela, além de uma tensão, uma correlação ambígua dentro do espaço público, onde as coisas aparecem a fim de serem julgadas.
The question of culture remains not sufficiently investigated within Arendt's thought, either because of the scarcity of her writings about it, or because of the neglect of the importance of culture within the arendtian theoretical framework. From the phenomenological-hermeneutic immersion carried out by Arendt, it is possible for us to unveil the horizon of meaning through which the philosopher understood the term culture and its own manifestation within history, which has to be admitted here as always elusive, as something that it cannot be fully grasped, as modern philosophies of history wanted. Therefore, the origins of the question of culture are analyzed here, its first manifestations in ancient Rome and Greece, as well as the direction of meaning of culture itself is reconstructed from the analysis of its relationship of distance and approximation towards politics, something that reveals, in addition to a tension, an ambiguous correlation within the public space, where things appear in order to be judged.