A construção cultural do mercado de risco de crédito soberano brasileiro: entre Estado e mercado / The cultural construction of brazilian sovereing credit risk market: between State and market

Revista Agenda Política

Endereço:
Rod. Washington Luis, km 235 - São Carlos - SP - BR
São Carlos / SP
13565-905
Site: http://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/index
Telefone: (16) 3351-8415
ISSN: 23188499
Editor Chefe: Thaís Cavalcante Martins, Mércia Alves, Marcelo Fontenelle e Silva
Início Publicação: 30/06/2013
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciência política

A construção cultural do mercado de risco de crédito soberano brasileiro: entre Estado e mercado / The cultural construction of brazilian sovereing credit risk market: between State and market

Ano: 2016 | Volume: 4 | Número: 2
Autores: Ana Carolina Bichoffe
Autor Correspondente: Ana Carolina Bichoffe | [email protected]

Palavras-chave: Risco de crédito; Dívida pública; Financeirização; Disputas culturais.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo tem como objetivo demonstrar como a manifestação do risco de crédito soberano é histórica e culturalmente situada e, portanto, constituída e desfeita a partir de disputas culturais e políticas, sob substrato financeiro e econômico. Nesses jogos as objetivações das avaliações e notas das agências classificadoras de risco ganham enorme legitimidade e poder. Para dar conta deste propósito são analisados dois momentos políticos considerados marcadores relevantes para a constituição da atual morfologia econômica e financeira do Brasil. O primeiro se refere a chamada “quarta-feira 13” do câmbio, ocorrida em 1999, considerada o deflagrador da crise do regime cambial brasileiro. O segundo em 2008, se refere a opção do pagamento da dívida externa brasileira. As tensões suscitadas por estes dois eventos e os debates que se seguiram implicaram em uma sequência de transformações na morfologia do mercado de títulos públicos e no aparato cultural responsável pela percepção e definição da noção de risco. A suposição proposta é de que a performação da noção de risco, produzida pelas agências de classificação de risco, incitam governos a adotar estratégias de ação em torno da minimização de riscos e aumento de suas credibilidades. A principal contribuição deste trabalho é explorar este importante objeto: o mercado de títulos públicos brasileiro, ainda pouco tratado pela sociologia das finanças brasileira e, tal como o referencial teórico internacional sugere, dimensionar em que medida as agências de classificação de risco de fato ‘docilizam’ o comportamento dos agentes do mercado, organizações e governos.



Resumo Inglês:

This article aims to demonstrate how the manifestation of sovereign credit risk is historically and culturally situated and thus made from cultural and political disputes in the financial and economic substrates. In these games the objectifications of reviews and notes of credit rating agencies gain enormous legitimacy and power. To attain the objective, this paper analyses two political moments that are considered relevant markers for the establishment of the current economic and financial morphology of Brazil. The first refers to the socalled "Wednesday 13th" exchange that took place in 1999, considered the trigger of the Brazilian exchange rate crisis. The second moment takes place in 2008, when Brazil opted to pay its foreign debt. Narratives raised by these two events and the discussions that followed resulted in a sequence of changes in the morphology of the government securities market and in the cultural apparatus responsible for the perception and definition of the notion of risk. The proposal is that the performative notion of risk produced by the rating agencies urges governments to take strategic actions around the minimization of risk and the increase of their credibility. The main contribution of this work is to explore this important subject: the Brazilian government bonds market, which is still overlooked by the Brazilian sociology of finance and to point out, as the international theoretical framework suggests, the extent that the Credit Rating Agencies actually 'docile' the behavior of market players, organizations and governments.