Este artigo faz uma leitura de três obras impressas em Portugal entre as décadas de 1770 e 1780 que tratam sobre versificação: Regras da versificaçaõ portugueza (1777), de Francisco José Freire; Tratado da versificação portugueza (1777), de Pedro José da Fonseca; e Tratado da versificação portugueza (1784), de Miguel do Couto Guerreiro. A hipótese construída é que esses materiais, afinados em uma consonância intelectual pós-pombalina, articulam-se em torno da construção de uma nova versificação portuguesa, a qual toma como modelo as Luzes da poesia descubertas no oriente de Apollo (1724), de Manoel da Fonseca Borralho. Nessa hodierna configuração, métrica e ritmo são separados das matérias, ao passo que formas poéticas emergem ou são substituídas, abrindo espaço para um pensamento mais aberto e abstrativo de poesia que desagua em uma proposta reformada de contagem silábica.
This article presents an analysis of three works published in Portugal between the 1770s and 1780s that address versification: Regras da versificaçaõ portugueza (1777) by Francisco José Freire, Tratado da versificação portugueza (1777) by Pedro José da Fonseca, and Tratado da versificação portugueza (1784) by Miguel do Couto Guerreiro. The hypothesis proposed is that these materials, aligned with post-Pombaline intellectual consonance, revolve around the construction of a new Portuguese versifi- cation, modeled on Luzes da poesia descubertas no oriente de Apollo (1724) by Manoel da Fonseca Borralho. In this new configuration, meter and rhythm are separated from the subject matter, while poetic forms emerge or are replaced, paving the way for a more open and abstract conception of poetry, culminating in a reformed proposal of syllabic counting.