Nosso interesse visa articular noções teóricas possíveis para a análise e interpretação da escrita autobiográfica de Salomão Alves de Moura Brasil em suas narrativas que dizem da produção do personagem e da obra autobiográfica “O Menino Que Disse SIM”. Tem como ponto de referência debruçar o olhar na constituição do narrado, nos discursos e escritos autobiográficos enquanto instrumentos de percepção e articulação do tempo vivido e narrado. Partimos desde a pré-figuração (mimese I), pela configuração (mimese II), que estabelece arcabouço para uma possível refiguração (mimese III) do vivido pelo tempo narrado que passa a fazer parte da memória e da história “efetiva”, seja para as convicções de aceitação, de confronto ou criação de sentido num retorno para o vivido. Tal interação nos é proposta por Paul Ricoeur em sua tríplice mimese ou círculo hermenêutico, noção composta pelas reflexões em torno de sua teoria da narração em sua obra clássica Tempo e Narrativa.Trataremos ainda a noção de ilusão biográfica, proposta por Pierre Bourdieu acerca da escrita orientada pela ilusão da linearidade, que fala da história de uma vida pela relação causa-efeito e que compõe “ordem” na identidade narrada. Em relação, e de algum modo, traremos outro aspecto, nos debruçaremos brevemente na idéia de Phillipe Lejeune acerca da escrita autobiográfica enquanto pacto autobiográfico, idéia que abre fendas para pensar a relação autor-leitor pelo pacto firmado entre as partes produtoras do texto.
Our interest aims to articulate possible theoretical notions for the analysis and interpretation of the autobiographical writing of Salomão Alves de Moura Brasil in his narratives that say of the production of the character and the autobiographical work "O Menino Que Disse SIM". It has as reference point to look at the constitution of the narrated in autobiographical discourses and writings as instruments of perception and articulation of time lived and narrated. We start from the pre-figuration (mimesis I), through configuration (mimesis II), which establishes a framework for a possible reconfiguration (mimesis III) of the lived by the narrated time, which becomes part of the memory and "effective" history, either for the convictions of acceptance, confrontation or creation of meaning in a return to the lived. Such interaction is proposed to us by Paul Ricoeur in his triple mimesis or hermeneutic circle, a notion composed by the reflections about his theory of narration in the classic work Time and Narrative (2010). We will also deal with the notion of biographical illusion proposed by Pierre Bourdieu about writing orientated by the illusion of linearity, which speaks of the history of a life by the relation cause and effect and which composes "order" in the narrated identity. In relation, and in some way, we will address yet another aspect. We will briefly look at Phillipe Lejeune's idea of autobiographical writing as an autobiographical pact, a notion that opens cracks for thinking about the author-reader relationship through the pact between the producing parts of the text.