Neste artigo, analiso o impacto das mudanças dos fluxos migratórios para o Brasil nas configurações das ideologias linguÃsticas circulantes nas decisões debatidas e registradas em atas do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) e discuto as consequências dessas novas configurações para as hierarquias identitárias nacionais. A análise fundamenta-se nos estudos contemporâneos sobre ideologias linguÃsticas e processos de diferenciação linguÃstica. A pergunta principal é: como as ideologias linguÃsticas intersectam com categorias de diferença nas discussões e encaminhamentos consequentes sobre migrações num espaço institucional de representação do Estado brasileiro? Para responder a essa pergunta, a análise está organizada em dois conjuntos: as concepções sobre lÃngua(s) e as regulações de recursos linguÃsticos. Os resultados mostram que, desde 2006, as intersecções entre categorias de identidade e as ideologias linguÃsticas ficaram mais complexas, contraditórias e hierarquizantes. A circulação de duas ideologias linguÃsticas contraditórias – o monolinguismo brasileiro e o inglês como lÃngua franca – torna perversa a hierarquização de grupos marcados por categorias de diferença nacional na definição de condições de acesso e permanência em território brasileiro.