Pretendo aqui proceder a uma reflexão sobre as contribuições que pode oferecer a LingüÃstica Textual para o ensino de lÃngua portuguesa na escola média. Constitui o fundamento desta reflexão uma concepção sócio-interacional de linguagem, vista , pois, como lugar de “inter-ação†entre sujeitos sociais, isto é, de sujeitos ativos, empenhados em uma atividade sociocomunicativa. Esta atividade compreende, da parte do produtor do texto, um “projeto de dizerâ€; e, da parte do interpretador (leitor/ ouvinte), uma participação ativa na construção do sentido, através da mobilização do contexto (em sentido amplo), a partir das pistas e sinalizações que o texto lhe oferece. O contexto, da forma como é aqui entendido, engloba não só o co-texto, como a situação de interação quer imediata, quer mediata (entorno só- cio-polÃtico-cultural) e também o contexto cognitivo dos interlocutores que, na verdade, subsume os demais. Ele reúne todos os tipos de conhecimentos arquivados na memória dos actantes sociais, que necessitam ser mobilizados por ocasião do intercâmbio verbal: o conhecimento lingüÃstico propriamente dito, o conhecimento enciclopédico, tanto de tipo declarativo, quanto de tipo episódico (“framesâ€, “scriptsâ€) (cf. KOCH, 1997), o conhecimento da situação comunicativa e de suas “regras†(situacionalidade), o conhecimento superestrutural (gêneros ou tipos textuais), o conhecimento estilÃstico (registros, variedades de lÃngua e sua adequação à s situações comunicativas), bem como o conhecimento de outros textos que permeiam cada cultura (intertextualidade).