Contribuições do questionário de percepção de doenças no planejamento do processo de transição

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Contribuições do questionário de percepção de doenças no planejamento do processo de transição

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Simone Scheibe, Eduardo Piacentini Filho, Hingridy Salm Loch, Sônia G. C. S. Palácios, Ana Carolina Almeida, Munique de Amorin, Ricardo Silveira, Odete Guisoni, José Eduardo Ferreira, Monique Garcia
Autor Correspondente: Simone Scheibe | [email protected]

Palavras-chave: transição, planejamento, intervenção, fibrose cística.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A transição do paciente pediátrico com fibrose cística para o centro de referência de adulto tem se tornado um processo cada vez mais relevante tendo em vista o aumento da sobrevida dos pacientes. Evidências tem indicado que uma transição não planejada impacta negativamente nos indicadores de saúde do paciente. Para auxiliar este processo, uma variedade de instrumentos e intervenções podem ser utilizados para promover a prontidão para a transição do paciente pediátrico e sua família. No que tange ao paciente, um dos aspectos importantes é identificar suas percepções a respeito do seu diagnóstico e tratamento, tendo em vista que estas influenciam diretamente suas respostas emocionais à enfermidade e ao modo de enfrentamento.

OBJETIVO: Descrever as contribuições da utilização do Questionário de Percepção de Doenças (Nogueira, 2012) no planejamento da transição de pacientes pediátricos com fibrose cística.

METODOLOGIA: Relato de experiência com abordagem descritiva e qualitativa. O Questionário de Percepção de Doenças Versão Breve (Brief IPQ) é a versão brasileira do Brief Illness Perception Questionnaire (Brief IPQ) (Broadbent et al., 2006), que foi traduzido, adaptado e validado para o Brasil por Nogueira (2012). Este questionário não é específico para a FC, mas é sensível para avaliar a percepção de doenças de pessoas com doenças crônicas no Brasil. Em contato com a autora, a mesma concedeu uma carta de autorização para o uso deste questionário. Trata-se de um instrumento composto por nove itens. Os itens de 1 a 7 são classificados utilizando uma escala de 0-10. São três itens de avaliação da representação cognitiva da doença e quatro itens de avaliação da representação emocional. Os itens 8 e 9 avaliam respectivamente a percepção de duração da enfermidade e dos fatores causais.

RESULTADOS: Na prática clínica com pacientes com FC, este instrumento tem auxiliado a identificar cognições e sentimentos associados à convivência com a FC. Este fato permite que sejam planejadas, previamente à conclusão do processo de transição, intervenções com o paciente baseadas na psicoeducação e escuta terapêutica, em que pensamentos e sentimentos sobre a condição de ter FC podem ser abordados. Dentre estes, destacam-se as preocupações existentes, identificação de sintomas emocionais, bem como a identificação de crenças disfuncionais envolvendo o diagnóstico e o tratamento da FC. Além disso, a pergunta exemplo do questionário sobre o grau de responsabilidade em relação à realização dos cuidados em saúde fornece ao adolescente a percepção de quanto ele pode melhorar sua autoeficácia em relação ao manejo do tratamento.

CONCLUSÃO: A aplicação deste questionário auxilia o planejamento de intervenções visando a prontidão para a transição, através da identificação dos pensamentos e sentimentos do paciente relacionados à FC, contribuindo no desenvolvimento de comportamentos mais adaptativos e de maior engajamento do paciente em seu tratamento.