Nos últimos anos, a educação física, na sua perspectiva de prática social e pedagógica, enquanto parte constituinte do currículo escolar e à qual tem sido delegada a responsabilidade pela esfera corporal, tem sido essencialmente relacionada com um paradigma científico positivista, onde prevalece uma visão tecnocrática, funcional e instrumental da área. Desse ponto de vista, o corpo é concebido como um instrumento, uma máquina, que deve ser treinada independentemente das consequências para o bem-estar das pessoas. Essa problemática tem sido estudada por autores como Moreno e Medina (2012), Jiménez (2013), entre outros; pesquisa que investiga as crenças explícitas ou implícitas de professores e alunos sobre a educação física em diversos contextos; crenças que estão totalmente alinhadas com as visões mencionadas acima. Essas características também são observadas nas práticas corporais infantis, com um olhar corporal reduzido, limitado e fragmentado; uma lógica que leva a transformar a presença e a interação das crianças em uma relação homogênea, na qual o próprio de cada ser é invisibilizado. A partir dessas concepções, quando falamos de corporeidade e não de corpo, de habilidades motoras e não de movimento, não o fazemos por um aspecto decorativo, mas com sentidos e significados. Com isso nos afastamos do paradigma descrito nas primeiras linhas deste trabalho e nos tornamos parte de uma visão abrangente do ser humano, expressando justamente a unidade, singularidade e complexidade de nossa presença única e irrepetível no mundo e diante dos outros.