Este texto aproxima-se da lupa teórica dos estudos culturais para, por meio do diálogo e da reflexão, discutir temas como (anti) racismo, identidade e representações da negritude na sociedade contemporânea. Parto das primícias de que existem aspectos (in) visíveis norteando esses discursos, e que esses perpassam contextos políticos, sociais, econômicos e culturais. Na linha dessas ideias, trago como artefato de análise a “Campanha do Dia dos Pais, do Boticário”- onde uma família negra assume o papel de protagonistas. O fato poderia ter passado despercebido e ser mais um entre as dezenas de comerciais de empresas que vendem seus produtos utilizando como signo a família. Mas, o que diferencia a campanha do dia dos pais do Boticário das campanhas de margarina que de tempo em tempo aparecem na televisão brasileira? Talvez a resposta para essa indagação esteja no fato de não ser uma propaganda habitual e não vermos com certa frequência o negro protagonizar comerciais/propagandas na tv. Por isso, campanhas desse tipo, quando aparecem, são sempre alvo de discursos preconceituosos e pejorativos de uma parcela da comunidade, que se apresenta como defensora da representatividade.