Este artigo aborda o trabalho das mulheres na constituição de corpos/paisagens no Pacífico Negro Colombo-equatoriano. Para tal, versa sobre a centralidade das águas nas vivências e elaborações da territorialidade; sobre a comida como um lugar de encontros e agenciamentos; sobre a mariscagem como uma relação estabelecida pelas mulheres entre elas, as águas e diversos seres hidrobiológicos; sobre as agencialidades que habitam os rios em formas de encantados, pedras e ouro. Adota-se como base epistemológica as narrativas construídas na experiência etnográfica junto às mulheres afro-pacíficas, que em sua maioria são matronas, autoridades familiares e comunitárias que constroem redes de irmandade política e afetiva, conectando o doméstico e o público. Tal concepção sustenta-se na compreensão de que a experiência vivida é fonte de produção de conhecimento e que a produção de conhecimento entre povos afro-diaspóricos traz uma perspectiva coletiva, tendo por vezes a oralidade como plataforma de existência.