Correlação genótipo/fenótipo em indivíduos com fibrose cística deum centro de referência no nordeste do Brasil

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Correlação genótipo/fenótipo em indivíduos com fibrose cística deum centro de referência no nordeste do Brasil

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Victor Hugo Valença Bomfim, Laís Ribeiro Mota, Maria Theresa Correa Evangelista, Gabriel Souza Medrado Nunes, Laís Helena de Andrade, Fernanda Matos Fontenelle, Regina Terse Trindade Ramos, Edna Lúcia Souza
Autor Correspondente: Victor Hugo Valença Bomfim | [email protected]

Palavras-chave: genética, fibrose cística, fenótipo, moduladores, cftr

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A Fibrose Cística (FC) é uma doença com grande heterogeneidade, tanto no padrão de acometimento dos órgãos/sistemas quanto na gravidade das manifestações clínicas. Entre os fatores que contribuem para a diversidade de apresentação fenotípica, destaca-se o genótipo. Adicionalmente, com os avanços na medicina de precisão, o conhecimento das variantes patogênicas do gene CFTR tornou-se fundamental na identificação da elegibilidade para utilização dos novos fármacos.

OBJETIVO: Descrever os principais fenótipos em uma população miscigenada com FC, correlacionando-os com seus genótipos e identificar os indivíduos elegíveis para uso dos moduladores da CFTR.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de corte transversal, realizado em um centro de referência no Nordeste do Brasil. Foram incluídos todos os indivíduos com diagnóstico confirmado de FC e genótipo conhecido. Os dados clínicos e laboratoriais foram obtidos a partir de informações dos prontuários médicos. Os principais fenótipos registrados foram: insuficiência pancreática (IP), doença pulmonar (DP), colonização crônica por Pseudomonas aeruginosa (CC), doença hepática (DH) e diabetes. Os participantes foram classificados, segundo os seus genótipos, em três grupos: (1) homozigotos para a variante F508del; (2) heterozigotos para a variante F508del com a outra variante de classes I a III e (3) indivíduos com outras variantes.

RESULTADOS: Foram incluídos 66 indivíduos, 33 (50%) eram do sexo masculino, mediana da idade de 132,9 meses, 64 (96,9%) não brancos, 35 (53%) submetidos à triagem neonatal, 44 (66,6%) apresentavam ao menos uma variante F508del, sendo que destes, 9 pertenciam ao grupo 3. Cinquenta e três (80,3%) indivíduos apresentavam IP, 30 (45,5%) apresentavam DP, 13 (19,7%) eram cronicamente colonizados por P. aeruginosa, 13 (19,7%) tinham DH e 3 (4,5%) foram diagnosticados com diabetes. A IP ocorreu em 100% dos indivíduos classificados nos grupos 1 e 2. A frequência de DP foi de 57,9%, 43,8% e 36,4% entre os indivíduos dos grupos 1, 2 e 3, respectivamente. Dos indivíduos com CC, 10 (76,9%) foram classificados nos grupos 1 e 2 e dois (15,3%) indivíduos eram portadores de variantes de classe I em homozigose. Daqueles com DH, 9 (69,2%) eram homozigotos para F508del ou heterozigotos para essa variante com uma outra de classes I a III, dois (15,3%) eram homozigotos para variantes de classe I e um participante apresentava, ao menos, uma variante de função residual. Três indivíduos, todos do sexo feminino, apresentavam diabetes, sendo dois do grupo 1 (10,5%) e o outro do grupo 2. Quarenta e quatro indivíduos são elegíveis, em algum momento, a pelo menos um dos seguintes moduladores Orkambi®, Symdeko® e Trikafta®, segundo bulas aprovadas pela ANVISA.

CONCLUSÃO: Cerca de 70% dos indivíduos eram portadores de pelo menos uma variante F508del e elegíveis ao uso do Trikafta®, em algum momento. Indivíduos com duas variantes de classes I a III apresentaram fenótipos mais graves. A DP apresentou frequência semelhante entre todos os grupos apresentados.