Cosmopolítica indígena nos Andes: reflexões conceituais para além da “política”

Maloca

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Telefone: (19) 3521-1633
ISSN: 2675-3111
Editor Chefe: Artionka Capiberibe e Antonio Gerreiro
Início Publicação: 27/12/2018
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Arqueologia, Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Filosofia, Área de Estudo: Geografia, Área de Estudo: História, Área de Estudo: Sociologia

Cosmopolítica indígena nos Andes: reflexões conceituais para além da “política”

Ano: 2019 | Volume: 2 | Número: Não se aplica
Autores: Marisol de la Cadena
Autor Correspondente: M. de la Cadena | [email protected]

Palavras-chave: Natureza-cultura, política indígena, movimentos anti-mineração, cosmopolítica, pluriverso, Andes, América Latina

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na América Latina, a política praticada pelos povos indígenas tem sido classificada como “política étnica”. Seu ativismo é interpretado como uma questão de fazer prevalecer direitos culturais. Mas e se “cultura” for uma noção insuficiente, e até mesmo inadequada, para pensar o desafio que a política indígena representa? Inspirado nos eventos políticos recentes no Peru — e, em menor medida, no Equador e na Bolívia — em que o movimento indígena-popular tem evocado entidades sencientes (montanhas, água e terra — aquilo que chamamos de “natureza”) para o interior da esfera da política pública, o argumento deste ensaio possui três dimensões. Primeiro, a indigeneidade, como uma formação histórica, excede a noção usual de política, isto é, uma arena povoada de seres humanos racionais disputando o poder de representar outros humanos frente ao Estado. Segundo, a atual emergência política da indigeneidade — nos movimentos de oposição antimineração no Peru e no Equador, mas também em eventos comemorativos na Bolívia — desafia a separação entre natureza e cultura que sustenta a noção predominante de política e seu contrato social correspondente. Terceiro, para além da “política étnica”, os movimentos indígenas atuais propõem uma prática política diferente, plural não porque promovida por corpos marcados por gênero, raça, etnicidade ou sexualidade (como o multiculturalismo entenderia), mas porque evocam não humanos como atores na arena política.



Resumo Inglês:

n Latin America indigenous politics has been branded as “ethnic politics.” Its activism is interpreted as a quest to make cultural rights prevail. Yet, what if "culture" is insufficient, even an inadequate notion, to think the challenge that indigenous politics represents? Drawing inspiration from recent political events in Peru—and to a lesser extent in Ecuador and Bolivia—where the indigenous–popular movement has conjured sentient entities (mountains, water, and soil—what we call “nature”) into the public political arena, the argument in this essay is threefold. First, indigeneity, as a historical formation, exceeds the notion of politics as usual, that is, an arena populated by rational human beings disputing the power to represent others vis-à-vis the state. Second, indigeneity’s current political emergence—in oppositional antimining movements in Peru and Ecuador, but also in celebratory events in Bolivia—challenges the separation of nature and culture that underpins the prevalent notion of politics and its according social contract. Third, beyond “ethnic politics” current indigenous movements, propose a different political practice, plural not because of its enactment by bodies marked by gender, race, ethnicity or sexuality (as multiculturalism would have it), but because they conjure nonhumans as actors in the political arena.