COVID-19 e suas metáforas

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ISSN: 19813341
Editor Chefe: Profª. Drª. Silvana de Souza Nascimento
Início Publicação: 06/08/2007
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia

COVID-19 e suas metáforas

Ano: 2020 | Volume: 2 | Número: 27
Autores: Túlio Maia Franco
Autor Correspondente: Túlio Maia Franco | [email protected]

Palavras-chave: COVID-19, coronavírus, pandemia, metáfora, vulnerabilidade

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste artigo analiso dois circuitos metafóricos mobilizados na epidemia do novo coronavírus, SARS-CoV-2, no Brasil: as metáforas militares e as da “imunidade de rebanho por infecção natural”. As metáforas são analisadas como diferentes modos de concepção da crise viral e influenciam no cotidiano pandêmico ao modular percepções distintas sobre os riscos envolvidos no contágio e suas consequências. A inscrição nestes circuitos metafóricos determina a dinâmica da epidemia no país, especialmente quando não há testes ou vacinas amplamente disponíveis para mapear ou imunizar a população. Neste texto analiso como os marcadores de “raça”, “gênero” e “classe” contribuem para a distribuição desigual dos impactos do coronavírus na população e, especialmente, de que maneira as metáforas podem encobrir este impacto diferencial naturalizando-o ou atribuindo-o à responsabilidade individual, e ao encobri-lo perde-se de vista a relação entre desigualdade e exposição ao vírus a qual estabelece que os mais vulneráveis são os mais afetados pela pandemia.



Resumo Inglês:

In this article I analyze two metaphorical circuits mobilized in the epidemic of the new coronavirus, SARS-CoV-2, in Brazil: the military metaphors and those of “herd immunity due to natural infection”. Metaphors are analyzed as different ways of conceiving the viral crisis that influence daily pandemic life by modulating different perceptions about the risks involved in infection and its consequences. Inscription in these metaphorical circuits determines the dynamics of the epidemic in the country, especially when there are no tests or vaccines widely available to map or immunize the population. In this text I investigate how the markers of "race", "gender" and "class" contribute to the unequal distribution of coronavirus impacts on the population and, especially, how metaphors can cover up this differential impact, naturalizing it or attributing it to individual responsibility, and by covering it up, the link between inequality and exposure to the virus that establishes that those who are more vulnerable are the most affected by the pandemy is lost.