Crítica do sujeito na arqueologia de Michel Foucault/ Critic of subject in Michel Foucault's archeology

Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health

Endereço:
Departamento de Saúde Pública/Centro de Ciências da Saúde/UFSC
Florianópolis / SC
88040-970
Site: http://periodicos.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/index
Telefone: (48) 3721-9388
ISSN: 1984-2147
Editor Chefe: Walter Ferreira de Oliveira
Início Publicação: 31/12/2008
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Medicina

Crítica do sujeito na arqueologia de Michel Foucault/ Critic of subject in Michel Foucault's archeology

Ano: 2011 | Volume: 3 | Número: 6
Autores: Tiago Hercílio Baltazar
Autor Correspondente: Tiago Hercílio Baltazar | [email protected]

Palavras-chave: história, arqueologia, humanismo, fFilosofia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na década de 1960 os pensadores franceses Jean-Paul Sartre e Michel Foucault travaram acirrado debate a respeito de suas concepções de História e Sujeito. Na Crítica da Razão Dialética (2002) Sartre explicitava claramente uma noção de História que tem como perspectiva geral a superação e a transformação de estruturas pela práxis humana, determinando assim um lugar fundamental para a atividade do sujeito e de sua consciência na história entendida como processo de totalização. Por sua vez, ao inscrever a arqueologia do saber no contexto mais geral de uma mutação epistemológica da história, Foucault pretende, defendendo uma prática metodológica nova, desfazer as sujeições antropológicas que, nas suas palavras, permeiam uma concepção obsoleta de história. Por que essa concepção é obsoleta para Foucault, e como ele se contrapõe a ela? Ao que parece, Foucault desconstrói uma determinada relação entre dialética, humanismo e história como forjadora de uma “grande evolução contínua e homogênea” para onde tudo converge. Nossa estratégia será reconstituir alguns aspectos do debate entre os dois autores, a partir de suas obras principais bem como entrevistas do referido período, investigando em que medida a arqueologia de As palavras e as coisas esteve voltada para uma contraposição com essa noção de história que tem o homem como garantia, isto é, um sujeito que faz a história e garante sua continuidade. Finalmente, veremos que o projeto sartreano de desalienação do homem encontra seu limite, em Foucault, na forma de um projeto de historicização que visa reduzir o lugar desse sujeito transcendental, e, com isso, tornando patentes novas possibilidades para se pensar a relação entre história e filosofia.



Resumo Inglês:

In the 1960s the French philosophers Jean-Paul Sartre and Michel Foucault engaged in a fierce debate over their concepts of history and of the subject. In the Critique of Dialectical Reason Sartre explicited a notion of history on the overall perspective of overcoming and transformation of structures by the human praxis, thus determining a fundamental place for the activity of the subject and his consciousness in history understood as a process of totalization. On the other side, subscribing the archeology of knowledge to the broader context of an epistemological mutation of history, Foucault claims, defending a new methodological practice, to unmake the anthropological subservience that, in his words, permeate an obsolete conception of history. Why is this concept obsolete for Foucault, and how does he opposes it? It seems that Foucault deconstructs the relationships between dialectics-humanism-history which forge a “great continuous and homogeneous evolution” to where everything converges. Our strategy will be the reconstitution of some aspects of the debate between these two authors, based on their major works as well as on interviews given in the referred period, investigating to what extent the archeology of The Order of Things aimed at an opposition to this notion of history which has man as a guarantee, that is, a subject who makes history and ensures its continuity. Finally, we shall see that the sartrean project of man dealienation meets its limits, in Foucault, in the form of a historicizing project which aims to reduce the place of this transcendental subject, thus opening new possibilities for thinking the relationship between history and philosophy.