A parénese pedagógica exercida através do púlpito, no tempo quaresmal, teve no jesuÃta António Vieira, ao longo de mais de meio século, um pendor crÃtico de incidência Ãmpar sobre o Estado e a sociedade portuguesa de Seiscentos. Denúncia contundente e doutrinarismo imbricam-se exemplarmente no seu
discurso moralista de contornos polémicos acerca da nomeação de pessoas para a administração e da distribuição de mercês por serviços prestados à Coroa. Pregados na Terceira Quarta-Feira da Quaresma, no inicio da década de 1650 – antes, pois, do regresso de Vieira ao Brasil e após o processo inquisitorial sofrido –, nos finais da de sessenta e na de setenta, na Capela Real dos Paços da Ribeira e na presença de reis e cortesãos que exerciam ou se candidatavam a postos públicos no continente e no ultramar, estes três “sermões dos pretendentes†expendemuma doutrina sobre o governo da monarquia, do bem comum e da aplicação da justiça distributiva que se enquadra dentro de uma filosofia polÃtica de óbvia inspiração cristã.