O presente ensaio consiste em um estudo da crÃtica feminista articulado ao gênero, visto como modo de discutir a hegemonia masculina na história contemporânea do literário. Trata-se de uma revisão sobretudo acerca das colocações de Lúcia Zolin sobre tendências preconizadas pela teoria anglo-americana, francesa e brasileira na construção de identidade e do lugar da diferença. Para tanto, entendo ser relevante pontuar o jogo de ambivalências que a cultura detém em sua estrutura histórica, sob a perspectiva de Zygmunt Bauman. Associo o conceito de cultura flexÃvel à atitude eurocêntrica a qual pressupõe a análise do gênero nas relações com diferentes histórias e geografias, como estabelece Ella Shohat entre outros pesquisadores. Para contemplar a análise em sua materialidade literária, tomo a leitura e interpretação oferecida pela crÃtica feminista a partir de duas obras: Navegações (1996), de Sophia de Mello Andresen, e O rio do meio (1996), de Lya Luft, que permitem interconexões com a ficção e a realidade num exame sobre estruturas sociais que negociam escolhas em contraponto à opressão instituÃda historicamente.