Crescer entre seres

ACENO - Revista de Antropologia do Centro-Oeste

Endereço:
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança
Cuiabá / MT
Site: http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/aceno/index
Telefone: (65) 8427-1704
ISSN: 2358-5587
Editor Chefe: Marcos Aurélio da Silva
Início Publicação: 01/01/2014
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Antropologia

Crescer entre seres

Ano: 2017 | Volume: 4 | Número: 7
Autores: Patrícia Postali Cruz
Autor Correspondente: Patrícia Postali Cruz | [email protected]

Palavras-chave: Mundo rural, producão, corpo, pessoas, não-humanos, materialidades técnicas

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Estar em campo em espaços rurais é descobrir um universo de relações e detalhes onde germinar a vida e manter corpos é tarefa diária para aqueles que se dedicam ao entrelaçamento do mundo com não-humanos. A tarefa de descrever técnicas entremeadas com temperaturas, sons, plantas, chuvas, animais e tantos outros agentes parece ser ainda um desafio na descrição etnográfica. Nesse contexto, a fotografia se apresenta como uma ferramenta com grande potencial na documentação e apresentação dos dados etnográficos. Esse ensaio fotoetnográfico tem como objetivo apresentar ao leitor os processos de crescimento e desenvolvimento de plantas, animais e pessoas bem como os processos técnicos envolvidos no “crescer feijão”. O plantio e desenvolvimento, que segue nas imagens desta prancha, se deu entre os meses de setembro e novembro do ano de 2016. Plantar feijão exige uma série de cuidados, observações e preparos. Onécio e Evani, interlocutores de minha pesquisa de doutorado, fazem o plantio conjuntamente. Acompanhados de máquinas com tecnologia simples e artefatos reaproveitados, o plantio do feijão ocorre de forma sincronizada, seja na sonoridade das máquinas, seja no gestos dos corpos, seja na precisão dos espaços entre as plantas. O terreno íngreme e o solo arado com terra fofa dificultam o trabalho dos animais que ralam a terra e dos agricultores que plantam o feijão. O processo de plantar vem logo em seguida do arar. Com uma trilhadeira feita por ele, Onécio faz os trilhos, onde serão plantados os feijões, conjuntamente com o cavalo. Evani planta com uma máquina especial para plantar sementes, a qual enterra a semente no solo. Nesse sentido, viver entre processos de crescimento e colheita (morte) configura muito mais do que um fazer, mas um modo de habitar o mundo onde pessoas, não-humanos e materialidades técnicas se criam e se transformam cotidianamente.



Resumo Inglês:

To be in the field in rural spaces is to discover a universe of relationships and details where germinating life and maintaining bodies is a daily task for those who dedicate themselves to intertwining the world with non-humans. The task of describing techniques interspersed with temperatures, sounds, plants, rain, animals and so many other agents seems to be still a challenge in the ethnographic description. In this context, photography presents itself as a tool with great potential in the documentation and presentation of ethnographic data. This photoethnographic essay aims to introduce the reader to the processes of growth and development of plants, animals and people as well as the technical processes involved in “growing beans”. The planting and development, which follows in the images of this board, took place between the months of September and November of the year 2016. Planting beans requires a series of care, observations and preparation. Onécio and Evani, interlocutors of my doctoral research, are planting together. Accompanied by machines with simple technology and reused artifacts, the planting of beans occurs in a synchronized way, whether in the sound of the machines, in the gestures of the bodies, or in the precision of the spaces between the plants. The steep terrain and the plowed soil with soft soil make it difficult for the animals that grate the land and the farmers who plant the beans. The planting process comes right after plowing. With a trailhead made by him, Onécio makes the trails, where the beans will be planted, together with the horse. Evani plants with a special machine for planting seeds, which buries the seed in the soil. In this sense, living between processes of growth and harvest (death) is much more than doing, but a way of inhabiting the world where people, non-humans and technical materialities are created and transformed on a daily basis.



Resumo Espanhol:

Estar en el campo en espacios rurales es descubrir un universo de relaciones y detalles donde germinar la vida y mantener los cuerpos es una tarea diaria para aquellos que se dedican a entrelazar el mundo con los no humanos. La tarea de describir técnicas intercaladas con temperaturas, sonidos, plantas, lluvia, animales y tantos otros agentes parece ser aún un desafío en la descripción etnográfica. En este contexto, la fotografía se presenta como una herramienta con gran potencial en la documentación y presentación de datos etnográficos. Este ensayo fotoetnográfico tiene como objetivo presentar al lector los procesos de crecimiento y desarrollo de plantas, animales y personas, así como los procesos técnicos involucrados en el "cultivo de frijoles". La siembra y el desarrollo, que sigue en las imágenes de este tablero, tuvieron lugar entre los meses de septiembre y noviembre del año 2016. La siembra de frijoles requiere una serie de cuidados, observaciones y preparación. Onécio y Evani, interlocutores de mi investigación doctoral, están plantando juntos. Acompañado de máquinas con tecnología simple y artefactos reutilizados, la siembra de frijoles se produce de forma sincronizada, ya sea en el sonido de las máquinas, en los gestos de los cuerpos o en la precisión de los espacios entre las plantas. El terreno escarpado y el suelo arado con suelo blando dificultan a los animales que rallan la tierra y a los agricultores que plantan los frijoles. El proceso de plantación llega justo después de arar. Con un comienzo de sendero hecho por él, Onécio hace los senderos, donde se plantarán los frijoles, junto con el caballo. Evani planta con una máquina especial para plantar semillas, que entierra la semilla en el suelo. En este sentido, vivir entre los procesos de crecimiento y cosecha (muerte) es mucho más que hacer, sino una forma de habitar el mundo donde las personas, los no humanos y las materialidades técnicas se crean y transforman a diario.



Resumo Francês:

Être sur le terrain dans les espaces ruraux, c'est découvrir un univers de relations et de détails où germer la vie et maintenir le corps est une tâche quotidienne pour ceux qui se consacrent à entrelacer le monde avec les non-humains. La tâche de décrire des techniques entrecoupées de températures, de sons, de plantes, de pluie, d'animaux et de tant d'autres agents semble être encore un défi dans la description ethnographique. Dans ce contexte, la photographie se présente comme un outil à fort potentiel dans la documentation et la présentation des données ethnographiques. Cet essai photoethnographique vise à initier le lecteur aux processus de croissance et de développement des plantes, des animaux et des personnes ainsi qu'aux processus techniques impliqués dans la «culture des haricots». La plantation et le développement, qui suit dans les images de cette planche, ont eu lieu entre les mois de septembre et novembre de l'année 2016. La plantation de haricots nécessite une série de soins, d'observations et de préparation. Onécio et Evani, interlocuteurs de ma recherche doctorale, plantent ensemble. Accompagnée de machines à technologie simple et d'artefacts réutilisés, la plantation de haricots se fait de manière synchronisée, que ce soit dans le son des machines, dans les gestes des corps, ou dans la précision des espaces entre les plantes. Le terrain escarpé et le sol labouré avec un sol mou rendent difficile pour les animaux qui râpent la terre et les agriculteurs qui plantent les haricots. Le processus de plantation vient juste après le labour. Avec un début de sentier fait par lui, Onécio fait les sentiers, où les haricots seront plantés, avec le cheval. Evani plante avec une machine spéciale pour planter des graines, qui enfouit les graines dans le sol. En ce sens, vivre entre des processus de croissance et de récolte (mort) est bien plus que faire, mais une façon d'habiter le monde où les gens, les non-humains et les matérialités techniques sont créés et transformés au quotidien