INTRODUÇÃO: De acordo com o guideline ESPENESPGHAN-ECFS de 2016, a intervenção médica e nutricional de lactentes com Fibrose Cística (FC) deve começar ao nascimento a fim de reduzir o risco de déficit de crescimento. O aleitamento materno exclusivo é recomendado para lactentes recém-diagnosticados e, quando a amamentação não é possível, o consenso recomenda a utilização de fórmulas regulares uma vez que não há provas que sustentem a utilização rotineira de fórmulas de alta energia ou hidrolisadas.
OBJETIVO: Avaliar o ganho ponderal de pacientes com Fibrose Cística, do nascimento aos três meses de vida, classificados de acordo com a ingestão de leite materno ou fórmula infantil.
METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, transversal, incluindo 56 lactentes com FC. Foram registrados dados antropométricos referentes ao nascimento e aos três meses de vida e tipo de alimentação no período: Leite materno exclusivo (LME), fórmula exclusiva (FE) ou alimentação mista (Misto). Pacientes estavam recebendo terapia de reposição enzimática. Para comparação da distribuição dos valores das variáveis quantitativas, utilizou-se o teste de Wilcoxon ou o teste de Kruskall-Wallis.
RESULTADOS: Aos 3 meses, o grupo LME apresentou mais lactentes dentro da faixa de adequação do escore Z. Aos 3 meses, os valores das médias do escore Z, não foram diferentes entre os grupos, a saber -1,15 (1,41), -1,77 (2,02) e -1,98 (1,39), respectivamente, para os grupos LME, FE e Misto, p=0,07. Nos três grupos, o escore Z peso-idade aos 3 meses foi inferior ao escore Z ao nascimento, sendo o menor prejuízo observado no grupo LME, mas sem diferença significativa com relação aos outros dois grupos, p=0,20.
CONCLUSÃO: Lactentes com FC, sem intercorrências clínicas, apresentaram diminuição dos valores dos escores Z peso/idade aos 3 meses de vida, comparados com os valores de nascimento, independente da dieta: LME ou fórmula. As médias de ganho de peso e escore Z aos três meses não apresentaram diferença de acordo com a dieta, porém o grupo LME apresentou maior ganho ponderal no primeiro trimestre de vida.
