A criança e o adolescente no contexto das associações e organizações criminosas: majorantes que podem reduzir a pena

Revista da Defensoria Pública da União

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ISSN: 24484555
Editor Chefe: Erico Lima de Oliveira
Início Publicação: 18/10/2018
Periodicidade: Semestral

A criança e o adolescente no contexto das associações e organizações criminosas: majorantes que podem reduzir a pena

Ano: 2017 | Volume: 10 | Número: 10
Autores: Maria do Carmo Goulart Martins Setenta
Autor Correspondente: Setenta, M. C. G. M. | [email protected]

Palavras-chave: criança, adolescente, corrupção, associação criminosa, organização criminosa

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Ao longo da história, a criança e o adolescente que inicialmente eram invisíveis e não tinham nenhum tratamento diferenciado, passaram a ser compreendidos como sujeitos especiais de direitos, merecedores de integral proteção. Nessa evolução, houve uma fase de transição em que a atuação estatal, embora admitisse sua distinção dos adultos, tratava todos os jovens infratores, vítimas de maus tratos ou abandonados, com o direito penal. Nessa fase intermediária de evolução do direito das crianças e adolescentes foi editada a Lei nº 2.252/54 tornando típica a conduta de corromper menores, compreendida como o ato do adulto que, aproveitando-se da imaturidade do jovem, o leva para a criminalidade. Essa lei foi revogada pela Lei nº 12.015/2009, que inseriu o art. 244-B ao Estatuto da Criança e do Adolescente e manteve a corrupção de menores como ilícito penal, ampliando seu alcance. A mesma Lei nº 12.015/2009 modificou o antigo delito de formação de quadrilha ou bando, que passou a prever nova causa de aumento de pena na hipótese de prática do crime com participação de criança ou adolescente. De maneira semelhante, a Lei nº 12.850/2013, que define organização criminosa, estabeleceu agravamento de pena se o delito for cometido juntamente com criança ou adolescente. No entanto, a previsão específica de majorante para os adultos que praticam os delitos de associação e organização criminosa acompanhados de criança ou adolescente pode provocar, na prática, punição menor, porque configurado crime único e não mais concurso de delitos.



Resumo Inglês:

After Throughout history, children and adolescents who were initially invisible and had no differential treatment came to be understood as special subjects of rights, deserving of full protection. In this evolution, there was a transition phase in which the state action, but admitted his adult distinction was all young people: offenders, victims of abuse or abandoned, with the criminal law. In this intermediate stage of evolution of the right of children and adolescents was enacted Law nº 2.252/54 making the typical behavior of corrupting minors, understood as the adult act, taking advantage of the immaturity of the young leads to crime. This law was repealed by Law nº 12.015/2009, which entered the art. 244-B to the Child and Adolescent and kept the corruption of minors as a criminal offense, but extended its reach. The same Law nº 12.015/2009 modified the old offense of conspiracy or flock, which now provides new cause penalty increase in crime hypothesis with participation of children and adolescents. Similarly, Law nº 12.850/2013, which defines criminal organization, established penalty aggravation if the offense is committed with a child or adolescent. However, the specific provision of penalty increased chance for adults who practice the association of offenses and criminal organization with the participation of children and adolescents would, in practice, less punishment because configured only crime offenses and no more contest.



Resumo Espanhol:

A lo largo de la historia, el niño y el adolescente, que inicialmente eran invisibles y no tenían ningún trato diferenciado, fueron entendidos como sujetos especiales de derechos, merecedores de plena protección. En esta evolución, hubo una fase de transición en la que la actuación estatal, aunque admitía su distinción de los adultos, trataba a todos los jóvenes infractores, víctimas de malos tratos o abandonados, con el derecho penal. En esa fase intermedia de evolución del derecho de los niños y adolescentes se editó la Ley 2.252/54 haciendo típica la conducta de corromper menores, entendida como el acto del adulto que, aprovechando la inmadurez del joven, lo lleva a la delincuencia. Esa ley fue derogada por la Ley 12.015/2009, que introdujo el artículo 244 en el Estatuto del Niño y del Adolescente y mantuvo la corrupción de menores como delito penal, ampliando su alcance. La misma Ley 12.015/2009 modificó el antiguo delito de formación de banda criminal, que ahora prevé una nueva causa de aumento de la pena en la hipótesis de cometer el delito con participación de niños o adolescentes. De manera similar, la Ley 12.850/2013, que define la organización delictiva, estableció un agravamiento de la pena si el delito se comete junto a niños o adolescentes. Sin embargo, la predicción específica de majorante para los adultos que practican los delitos de asociación y organización criminal acompañados de niños o adolescentes puede provocar, en la práctica, un castigo menor, porque configurado delito único y no más concurso de delitos.