O presente artigo visa indicar e discutir algumas hipóteses para investigação a respeito do papel do sindicalismo durante a crise política brasileira dos anos de 2015 e 2017. Nossa argumentação está estruturada da seguinte forma: em um primeiro momento, reconstruiremos brevemente algumas características dos governos Lula e Dilma (2003 – 2016) que permitiram uma recuperação da atividade grevista em relação ao período neoliberal, que compreende os governos Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (1990 – 2002). Em um segundo momento, trataremos da crise política e econômica do governo Dilma Rousseff e das disputas inauguradas a partir do momento de sua destituição, quando o sindicalismo se viu em confronto aberto com as propostas de reformas trabalhista e da previdência. Nossa hipótese principal, da qual decorrem outras secundárias, é que se o impeachment causou certa divisão entre as centrais, nessa conjuntura de restauração neoliberal as centrais sindicais encontram maiores pontos de unidade, não necessariamente em torno de táticas e estratégias, mas em torno de bandeiras de luta.
This article aims to indicate and discuss a few hypotheses for investigating the role of trade unionism in the Brazilian political crisis, more precisely between the years of 2015 and 2017. My argumentation is structured in the following way: in a first moment, I briefly review some of the features of the Lula and Rousseff administrations (2003 – 2016) that enabled the recovery of strike action vis-à-vis the neoliberal period, which comprised the Collor, Itamar Franco, and Fernando Henrique Cardoso (1990 – 2002) administrations. In a second moment, I will address the political and economic crisis of the Dilma Rousseff administrations and the disputes triggered by her ousting, when labor found itself openly confronted with the labor and pension reforms. My main hypothesis, from which others, secondary ones, are derived, is that if the impeachment, to some extent, caused a division between the national trade union centers, at this juncture of neoliberal restoration the trade union centers share more points of unity, not necessarily around tactics and strategies, but rather around the same banners of struggle.