Este artigo busca ler de forma comparativa as crônicas urbanas de inícios do século XX nas cidades de Lima – mediante os quadros costumbristas – e Rio de Janeiro – mediante os escritos de João do Rio. Analisa por que, nesse período, a cultura urbana – definida como o conjunto de códigos usados em determinados espaços partilhados de uma cidade e que permitem a comunicação entre indivíduos cultural e socialmente – é perceptível nas crônicas limenhas e permanece ausente na narrativa do cronista carioca. Sugere que a resposta deve ser buscada nas características do espaço urbano de ambas as cidades: enquanto o Rio já era uma cidade moderna (segregada e dividida), Lima era, em 1900, uma cidade onde os espaços de encontro tradicionais ainda não tinham sido afetados pelos novos valores da vida urbana moderna. O artigo finaliza apresentando apontamentos para ler o que aconteceu na cultura urbana de ambas as cidades após as primeiras décadas do século XX.