O presente artigo trata das polÃticas públicas do Ministério da Cultura (MinC) com foco nas culturas populares durante o perÃodo 2003-2010 (gestões Gilberto Gil e Juca Ferreira). Para isso, discorro sobre a relação entre Estado, academia e culturas populares no Brasil, buscando compreender o processo de apropriação seletiva destas por um Estado homogeneizante e uma produção acadêmica reificadora. Tal processo não ocorreu sem um movimento de resistência do que chamo de comunidades de cultura popular tradicional, que inclui a aproximação e apropriação do Estado e de conceitos acadêmicos por parte destas comunidades, como o próprio conceito de cultura popular. Partindo do protagonismo destas comunidades, proponho que a análise se dê com foco nas comunidades de cultura popular tradicional, articulando com este conceito não apenas as manifestações simbólicas, mas também os sujeitos coletivos e seus territórios. Por fim, realizo uma análise crÃtica destas polÃticas culturais do MinC, pensando nas demandas e especificidades das comunidades de cultura popular tradicional em contraste com as do mercado de bens culturais.