A chamada “pequena ética†ricoeuriana ancora-se na perspectiva de visar a vida boa, com e para os outros, em instituições justas. Esse itinerário busca (inter)relacionar ética e moral, apesar de pressupor o caráter de subordinação da moral (perspectiva do dever) à ética (aspiração ao que é considerado bom). O que é proposto é a ideia de que a ética, representada pelo desejo de uma vida plena, no convÃvio com outras pessoas e amparada por instituições justas, constitui-se o ponto de partida para a norma moral. Entretanto, as intenções éticas devem submeter-se ao crivo da norma e do formalismo deontológico, que exige a possibilidade de que as máximas que norteiam as ações dos indivÃduos possam ser universalizáveis. Mas, num movimento de retorno da moral à ética, esta última mostra ser a instância à qual a mesma moral deve recorrer em casos em que o formalismo de regras e normas não consiga dar uma resposta à altura dos desafios e da complexidade dos inúmeros casos particulares. Diante disso, o autor apresenta a tese da primazia da ética sobre a moral e, no desenvolvimento dessa tese, a necessidade de a ética passar pelo crivo da norma.