A cidade de Belo Horizonte foi planejada para ser modelo de limpeza e sÃmbolo da modernidade e do progresso. Todavia, devido à lógica excludente de seu projeto – fortemente marcado pelos ideais positivistas – teve de se haver com as questões das favelas mesmo antes de sua inauguração. Assim, a história das lutas faveladas e das polÃticas públicas para essa parcela da população tiveram, desde o perÃodo da construção da cidade até os dias atuais, momentos distintos, diretamente relacionados ao contexto histórico local e nacional. Para consolidar, ao longo da década de 1990, uma concepção de planejamento apoiado num discurso universal e técnico – o chamado planejamento modernista (MARICATO, 2000) –, o poder público municipal utilizou (e utiliza) determinadas estratégias legais, polÃticas e discursivas, que tiveram como principais resultados o Plano Global EspecÃfico (PGE) e o Programa Vila Viva. O objetivo central deste texto, portanto, é, a partir de um estudo de caso, refletir sobre o processo de construção e gestão do espaço de Belo Horizonte (que culminou numa cidade espacialmente desigual e excludente), bem como apresentar o percurso metodológico para realização dessa investigação.
Belo Horizonte was designed to be a model of cleanliness and progress. However, due to its exclusionary design project, the city had to deal with the issue of slums even before its inauguration. From the 1990s the local government has been applying a conception of urban planning based on a technical discourse that has led to the program called Vila Viva (village alive), a program of intervention in the slums. In order to legitimize these public interventions, residents are defined by negativity and their ways of relating to the space are ignored. Thus, the program reveals the government’s pretension to control and homogenize the slums’ space and population.