O presente artigo tem como desafio analisar o contexto da crise do coronavírus na produção de discursos que fortalecem o pensamento da Necropolítica. A crise da COVID-19 é planetária. Começou na China e rapidamente se difundiu por mais de 180 países, devido à aceleração da circulação de pessoas na escala mundo. Assim, essa crise ganha a dimensão demográfica que merece reflexão geográfica e, sobretudo, a compreensão das narrativas que reafirmam a dimensão políticoconservadora que considera a mortalidade da população pobre e negra como positiva para a regulação da economia e superação das desigualdades sociais. Trata-se de um contexto em que a crise acelera a agudização das desigualdades e as formulações de superação de problemas ganham a dimensão de discursos genocidas e de perversidade que põem em xeque os limites da modernidade e da pauta humanista. Assim, mais uma vez a questão demográfica pode ganhar centralidade nesse debate pautado na superação das desigualdades pela negação do outro e pela destruição dos pobres. O artigo divide-se em duas seções: a primeira apresenta os dados disponíveis sobre a expansão do coronavírus e a segunda analisa a bibliografia que alimenta a necropolítica demográfica.
The challenge of this article is to analyze the context of the coronavirus crisis in the production of speeches that strengthen the thinking of the Necropolitics. The COVID-19 crisis is planetary. It started in China and quickly spread to more than 180 countries, due to the accelerated movement of people on a world scale. Thus, this crisis gains a demographic dimension that deserves geographical reflection and, above all, an understanding of the narratives that reaffirm the political-conservative dimension that link the mortality of the poor and black population as positive for the regulation of the economy and overcoming social inequalities. It is a context in which the crisis accelerates the aggravation of inequalities and formulations to overcome problems take on the dimension of genocidal and perversity discourses that call into question the limits of modernity and the humanist agenda. Thus, once again the demographic issue can gain centrality in this debate based on overcoming inequalities by denying the other and destroying the poor. The article is divided into two sections: the first presents the available data on the expansion of the coronavirus and the second analyzes the bibliographic review that feeds the demographic necropolitics.