Esse trabalho busca realizar uma refl exão sobre o trabalho e a festa, como essas esferas que se entrelaçam e se constroem na história de vida dos antigos moradores de Tambaú, área hoje extremamente valorizada do litoral de João Pessoa, Paraíba. Surgem, a partir desse entrelace, as práticas e o universo simbólico que se estabelecem no saber-fazer de pescador e nas relações sociais e parentais construídas no mar e prolongadas em terra, ou ainda, construídas em terra e revivifi cadas nas jornadas no mar. A Festa de São Pedro, realizada anualmente pelos pescadores, reúne também outros grupos sociais da região, tornando-se espaço de disputa e (re)criação da festa, acentuada com o estabelecimento da Paróquia de São Pedro Pescador nessa localidade. Foram utilizadas, além de história de vida com alguns participantes, as conversas informais e entrevistas apoiadas em roteiros temáticos, com registros nos contextos culturais habituais por meio de anotações escritas, gravador de áudio e fotos. As relações simbólicas e o saber-fazer dos pescadores estabelecem domínio e especifi cidades à Festa de São Pedro nessa região, evidenciando a importância do mestre, a hierarquia no barco e a hierarquia em terra, a concepção de sagrado dos pescadores, a “festa-participação” e os processos de exclusão e reinvenção da festa.