O deslocamento espacial é um dos maiores problemas que as pessoas com deficiência visual enfrentam.
Com a falta da visão, elas normalmente têm dificuldade de antecipar obstáculos ao se locomoverem e
também apresentam menor estabilidade corporal, na posição vertical. Estas dificuldades podem ser
atenuadas, até mesmo transformadas, através de práticas corporais voltadas para o aprendizado e o
aprimoramento da relação com o espaço – como é o caso das práticas de Orientação e Mobilidade (OM)
que priorizam o uso da bengala. O objetivo deste estudo é analisar o problema da mobilidade a partir da
propriocepção, em práticas grupais de experimentação do corpo no espaço. O estudo busca referencial
teórico nas ideias de Hatwell, Merleau-Ponty, Varela, Godard e Latour. A pesquisa-intervenção realizada
na Oficina de Corpo, Movimento e Expressão, no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, utiliza o
método da cartografia para acompanhar processos e rastrear alguns dos efeitos que se referem à
ativação dos sentidos do corpo em movimento. Concluímos que a propriocepção em práticas corporais
grupais concorre para a apropriação da experiência e para a expansão de territórios existenciais tende a
produzir maior confiança e autonomia no mundo.