Da tristeza à depressão: a transformação de um mal-estar em adoecimento no trabalho

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ISSN: 1807-5726
Editor Chefe: Antonio P. P. Cyrino
Início Publicação: 31/07/1997
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Multidisciplinar

Da tristeza à depressão: a transformação de um mal-estar em adoecimento no trabalho

Ano: 2008 | Volume: 12 | Número: 26
Autores: L. C. Brant; C. M. Gomez
Autor Correspondente: L. C. Brant | [email protected]

Palavras-chave: Sofrimento. Depressão. Saúde do trabalhador. Trabalho.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

No trabalho pós-industrial, a tristeza tornou-se um tabu. Em contextos de competitividade, trabalhar e viver têm deixado as pessoas tristes. Buscamos reconstruir e compreender a trajetória que vai da expressão da tristeza ao diagnóstico de depressão em um estudo qualitativo, tendo como método de análise a hermenêutica-dialética. Entrevistamos 13 trabalhadores, 13 gestores e oito técnicos da saúde de uma empresa. Realizamos, também, análise documental de house organs. Constatamos que o adoecimento se iniciava quando gestores encaminhavam pessoas tristes para o setor médico, onde eram tratadas e medicalizadas como depressivas. Algumas informações entre gestores e técnicos da saúde revelavam deslizes éticos. O diagnóstico de depressão eximia a empresa da responsabilidade na configuração daquela vida triste. Concluímos que esse diagnóstico constitui uma forma de não ressignificar a tristeza e sua relação com o trabalho. É uma ferida ética que implica excluir aquele que não apresenta semblante de bem-estar.



Resumo Inglês:

In postindustrial work, sadness has become taboo. In contexts of competitiveness, working and living make people sad. We sought to reconstruct and understand this path, going from expression of sadness to diagnosis of depression, in a qualitative study using the hermeneutic-dialectic analysis method. We interviewed 13 workers, 13 managers and 8 health technicians from one company. We also conducted document analysis on house organs. We observed that the process of becoming ill began when managers sent sad people to the medical sector, where they were treated medically as cases of depression. Some information from managers and health technicians revealed ethical lapses. The diagnosis of depression exempts the company from responsibility for making that life sad. We concluded that this diagnosis constitutes a way of not giving other meaning to sadness and its relationship with work. This is an ethical injury that implies exclusion of individuals without an appearance of well-being.



Resumo Espanhol:

En el trabajo post industrial, la tristeza se ha convertido en un tabú. En contextos competitivos, trabajar y vivir tristes a las personas. Procuramos reconstruir y comprender la trayectoria seguida desde la expresión de la tristeza al diagnóstico de depresión. En estudio cualitativo, teniendo como método la hermenéutica dialéctica, entrevistamos a 13 trabajadores, 13 gestores y 8 técnicos de la salud de una empresa. Fue realizada también análisis documental de House organs. Constatamos que la enfermización comienza cuando gestores encaminan trabajadores tristes al sector médico, donde son tratados y medicados como depresivos. Algunas informaciones entre gestores y técnicos de la salud revelan deslices éticos. El diagnóstico de depresión exime a la empresa de responsabilizarse por la configuración de la tristeza. Concluimos: la aceptación de este diagnóstico constituye una forma de no vincular la tristeza E con el trabajo. Es una herida ética que implica excluir quien no muestra semblante de bienestar.