Em nosso artigo, teremos por objetivo abordar brevemente a questão sobre a existência de filosofias orientais e não-europeias a partir do problema filosófico do Outro. Com efeito, na discussão sobre a possibilidade de se falar de filosofias orientais e não-europeias, se introduzem, frequentemente, pressuposições filosóficas fundamentais sobre as possibilidades e limites de se compreender e se aproximar de outras culturas, pressuposições que dependem, em larga medida, das concepções que se tem do que seja o Outro e de que modos estariam disponíveis a nós para se relacionar com ele. Sendo assim, parece-nos que a discussão sobre a existência de filosofias orientais e não-europeias leva-nos a trazer à tona uma discussão filosófica fundamental: como que devemos entender o Outro? Por meio da discussão dessa e outras questões filosóficas, acreditamos poder oferecer algumas bases filosóficas e argumentativas para defender a possibilidade de se falar de filosofias orientais e não-europeias, sem que com isso tenhamos que ser levados ao extremo quer de mitificação do Outro, quer de identificação e transposição absoluta de nossas categorias a ele.
In this paper, we aim to briefly approach the issue on the existence of Eastern and non-European philosophies through the philosophical problem of the Other. As a matter of fact, in the discussion on the possibility of speaking of Eastern and non-European philosophies, fundamental philosophical presuppositions are often introduced regarding the possibilities and limits of understanding and approaching other cultures, presuppositions which depend, to a large extend, on the conceptions that one has of what the Other is and of what means are available to relate to him. It seems thus that the discussion on the existence of Eastern and non-European philosophies brings us to the discussion of a central philosophical question: how should we understand the Other? Through the discussion of this and other philosophical questions, we believe is possible to offer a philosophical and argumentative basis to defend the possibility of speaking of Eastern and non-European philosophies, without being led either to the extreme of the mystification of the Other or to the absolute identification and transposition of our categories to him.