Buridina é uma pequena aldeia karajá
incrustada no centro da turÃstica cidade de Aruanã
(GO), à beira do Rio Araguaia. Na década de 1970,
sua população iniciou uma série de casamentos
com os não Ãndios regionais, de modo que, hoje,
a maioria da população é mestiça. Este fato, aliado
ao extremo conhecimento e engajamento desta população
no mundo não indÃgena, não raro faz pesar
sobre Buridina o estigma da aculturação. Partindo
dos casamentos interétnicos, dos !lhos gerados por
eles e da forma como os Karajá os classi!cam para
explorar a forma indÃgena da relação entre as perspectivas
indÃgena e não indÃgena, o artigo se dedica
a mostrar que, para estes Karajá, o aprendizado
e experimentação do mundo dos tori (os brancos)
não implica uma “perda culturalâ€. Antes que de um
processo aculturativo, trata-se de uma experiência
corporal dupla, na qual ambas as perspectivas se relacionam
numa unidade repartida.