DE PERTO E POR DENTRO DO RINGUE – BOXE, MOBILIDADE E OS DESAFIOS DE UMA ETNOGRAFIA ONDE “É O MOVIMENTO QUE CONTA”

Argumentos

Endereço:
Avenida Rui Braga - Vila Mauricéia
Montes Claros / MG
39401-089
Site: http://www.periodicos.unimontes.br/argumentos
Telefone: (38) 3229-8039
ISSN: 2527-2551
Editor Chefe: Gustavo Dias
Início Publicação: 20/06/2017
Periodicidade: Semestral

DE PERTO E POR DENTRO DO RINGUE – BOXE, MOBILIDADE E OS DESAFIOS DE UMA ETNOGRAFIA ONDE “É O MOVIMENTO QUE CONTA”

Ano: 2018 | Volume: 15 | Número: 1
Autores: Michel de Paula Soares
Autor Correspondente: Michel de Paula Soares | [email protected]

Palavras-chave: boxe, corpo, território, mobilidade, relações raciais.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo apoia-se em uma etnografia em duas academias de boxe na cidade de São Paulo, localizadas em diferentes territórios – Baixada do Glicério e Tatuapé. Para isso, coloco meu próprio corpo em campo como ferramenta de investigação através da aprendizagem do pugilismo.Acompanho e me interesso pelas trajetórias e histórias de vida de meus interlocutores, em sua maioria homens negros em distintas condições de mobilidade, cidadania e vulnerabilidade, entre eles os angolanos Leon e Jonas.Pretendo demonstrar como, transitando entre as categorias “perigoso” e “em perigo”, entre a vitimização e a moral meritocrática, eles apresentam múltiplas maneirasde fazer-cidade (Agier, 2015) através de seus corpos-território. Além disso, é através das aulas de boxe que uma série de memórias e relatos autobiográficos são expostos por meus companheiros de treino, assim como reflexões sobre raça, violência e desigualdade. Desta maneira, buscoapresentar minha própria trajetória de pesquisa, ressaltando alguns procedimentos para o estudo das migrações internacionais ancoradas no eixo sul-sul, mais especificamente as relações de mobilidade entre Brasil e Angola. O mundo do boxe envolve uma emaranhada e complexa trama política-social, justapondo masculinidades conflitantes e contraditórias, significados sobre racismo e violência, disciplina e sacrifício, espaços urbanos e fronteiras simbólicas, resultando em dinâmicas históricas singulares e carregadas de significação para as pessoas envolvidas. Assim, a confluência dos sujeitos em mobilidade com o boxe, prática onde “é o movimento que conta” (DeeDee, em Wacquant, 2002, p.121) apresenta-se como fértil território para as discussões sobre corpo, território, mobilidade e relações raciais.



Resumo Inglês:

This article is based on an ethnography at two boxing academies in the city of São Paulo, located in different territories - Baixada do Glicério and Tatuapé. To do this, I put my own body on the field as a research tool through the learning of pugilism. I follow and am interested in the trajectories and life histories of my interlocutors, mostly black men in different mobility, citizenship and vulnerability conditions, among them Angolans Leon and Jonas. I want to demonstrate how, between the "dangerous" and "endangered" categories, between victimization and meritocratic morality, they present multiple ways of city-making (Agier, 2015) through their territory bodies. In addition, it is through boxing classes that a series of autobiographical memoirs and stories are exposed by my training buddies, as well as reflections on race, violence, and inequality. In this way, I try to present my own research trajectory, highlighting some procedures for the study of international migrations anchored in the south-south axis, more specifically the mobility relations between Brazil and Angola. The boxing world involves a tangled and complex political-social fabric, juxtaposing conflicting and contradictory masculinities, meanings about racism and violence, discipline and sacrifice, urban spaces and symbolic frontiers, resulting in singular and meaningful historical dynamics for the people involved. Thus, the confluence of subjects in mobility with boxing, a practice where "it is the movement that counts" (Dee Dee, in Wacquant, 2002, p.121) presents itself as fertile territory for the discussions on body, territory, mobility and relations.



Resumo Espanhol:

El presente artículo se apoya en una etnografía en dos gimnasios de box en la ciudad de São Paulo, localizados en diferentes territorios – Baixada do GlicérioyTatuapé. Con este fin, pongo a mi propio cuerpo en campo como herramienta de investigación através del aprendizaje del pugilismo. Acompaño y me intereso por las trayectorias e historias de vida de mis interlocutores, en su mayoría hombres negros en distintas condiciones de movilidad, ciudadanía y vulnerabilidad, entre elloslos angolanos Leon e Jonas.Pretendo demostrar cómo, transitando entre las categorías “peligroso” y “en peligro”, entre la victimizacióny la moral meritocrática, ellos presentan múltiples maneras de hacer-ciudad (Agier, 2015) através de sus cuerpos-territorio. Además, es através de lasclases de boxeo que una serie de memorias y relatos autobiográficos son expuestos por mis compañeros de entrenamiento, así como reflexiones sobre raza, violencia y desigualdad. De esta manera, busco presentar mi propia trayectoria de investigación, resaltando algunos procedimientos para el estudio de las migraciones internacionalesancladas en el eje sur-sur, másespecíficamenteen las relaciones demovilidad entre Brasil y Angola. Elmundo del boxinvolucra una enmarañada y compleja trama político-social, yuxtaponiendo masculinidades conflictivasy contradictorias, significados sobre racismo yviolencia, disciplina ysacrificio, espacios urbanos y fronteras simbólicas, resultando en dinámicas históricas singulares y cargadas de significados para las personasinvolucradas. Así, la confluencia de los sujetos enmovilidadcon el box, prácticadonde “es el movimiento que cuenta” (Dee Dee, enWacquant, 2002, p.121) se presenta como territorio fértilpara las discusiones sobre cuerpo, territorio, movilidady relaciones raciales.