As correntes do pensamento pós-estruturalista e da pós-modernidade ao se deterem sobre assuntos como o real, a representação, a identidade e a história, deparam com o problema epistemológico da decadência da ilusão. A incredulidade que contaminou o espaço teórico, aproximação perigosa de um niilismo crÃtico, vê uma série de categorias de estudo como participantes de um projeto que já não é mais possÃvel ou aceitável. Nesse cenário, o discurso biográfico assiste ao colapso das bases hÃbridas sobre as quais assenta seu edifÃcio textual. À impossibilidade pós-moderna de captar as múltiplas identidades do sujeito associam-se outros expedientes considerados perturbadores ou mesmo impraticáveis pela linguagem – a ilusão biográfica, a ilusão referencial, a ilusão da representação, a ilusão da história. Partindo desse contexto, é imprescindÃvel questionar se estarÃamos próximos de anunciar a morte do discurso biográfico, uma vez que o fim simbólico da história, no sentido progressista em que era concebida, já foi decretado. Este artigo, portanto, procura explorar a posição atual da biografia e conjeturar minimamente sobre seu futuro, sobretudo frente ao embate contemporâneo em representar o passado.