O presente texto procura ressaltar a importância da obra Leviatã, de Thomas Hobbes. A figura mitológica do grande monstro marinho é evidenciada como uma metáfora para introduzir a idéia de um poder estranho ao domÃnio teológico, que poderia ser explorado para o benefÃcio ou malefÃcio do homem. Bem utilizada por Hobbes em suas reflexões sobre a criação do Estado, a metáfora aterroriza a Igreja e abre caminhos para outras figuras inquietas da história do pensamento ocidental, cujas idéias foram tidas como heréticas e demonÃacas. À parte a repercussão que teve o Leviatã, no fundo não é uma obra de cunho totalitário, mas faz coro aos escritos de outros “demônios†que ajudaram a configurar o mundo moderno, dentro de uma perspectiva liberal. Assim sendo, a obra serve de referência para repensarmos a realidade atual, sobretudo a brasileira, quando os desmandos da polÃtica colocam em risco de vida nosso Leviatã.
The main objective of this paper – resulting from an academic
speech at UFG (Universidade Federal de Goiás) -is to outline the importance
of Thomas Hobbes’ most known political work: Leviathan. Taking
the figure of a big marine monster, quite in the same sense of the biblical
metaphor used in the dialogue between God and Job to introduce the danger
or the benefit of a big power controlled by men, Hobbes’s arguments
terrorized the Church but helped in creating new ways of thinking so to
conceive the modern state. In the same movement, many other “demonsâ€
emerged to fight against religious power and also other forms of totalitarianism.
Nevertheless, even shocking our conventional assumptions, Hobbes’
political work may be considered – among other liberal thinkers – a defense
of individualism and many other aspects of civil order, which make him
one of the most important contributor to modernity and also an essential
source to think about our reality.