A partir da década de 70, mudanças na esfera produtiva, tecnológica e econômica, impulsionam uma nova compreensão sobre as políticas sociais. O novo modelo retoma algumas premissas liberais. Com o retorno à supremacia do mercado são negadas as conquistas mínimas da democracia, como por exemplo, a capacidade de “reconhecer que pessoas improdutivas também possuem o mesmo direito à vida e ao bem-estar, independentemente de sua relação com o mercado” (DEMO, 2002, p. 11). Os direitos sociais perdem o apoio na opinião pública, principalmente por um discurso que leva em consideração o peso dos impostos no financiamento do gasto social (SINGER, 2003). Como outras consequências, existe a prevalência de políticas sociais focalizadas na pobreza, que não liberam da privação os que não estão inseridos no mercado de trabalho (SILVA, 2011). Pelo contrário, os enclausuram no que ficou conhecido como armadilha da pobreza (SILVA, 2011). Essa é mais uma das perversões do novo modelo econômico “internalizar individualmente o fracasso da pobreza como responsabilidade pessoal, o que também tange a mão-de-obra no sentido de aceitar cabisbaixa o emprego precário e sem direitos” (WACQUANT, 2003, p. 9). Discute-se então as consequências subjetivas dos processos de exclusão social e sua relação com a ideal de cidadania. Percebe-se que os processos de exclusão impactam na possibilidade de manutenção da democracia e, com o modelo neoliberal, banalizam a injustiça social.