O crescimento populacional e econômico tem enorme impacto sobre o meio ambiente. Desde o início do Holoceno, há cerca de 12 mil anos, a humanidade passou de algo em torno de 5 milhões de habitantes para a casa dos milhares de milhões, podendo chegar a mais de 11 bilhões de pessoas em 2100. Foi e tem sido um crescimento demográfico espetacular. Mas o crescimento das atividades econômicas foi muitas vezes maior. O crescimento econômico global se acelerou com o início da modernidade e a expansão europeia, especialmente após as Grandes Navegações e o processo de colonização e exploração dos recursos naturais das Américas. Porém, este crescimento tornou-se exponencial depois da Revolução Industrial e Energética que teve início no final do século XVIII. No período conhecido como modernidade clássica, houve grande progresso humano, mas, concomitantemente, retrocesso ambiental. Esta oposição entre os avanços materiais da humanidade e o recuo material e energético dos ecossistemas se mantém e se aprofunda na modernidade tardia (ou pós-modernidade), possibilitando, inclusive, o surgimento de uma nova era geológica. Para analisar a realidade ecológica da pós-modernidade, surgiu a sociologia ambiental de cunho ecocêntrico. No campo da demografia, as análises teóricas e empíricas que buscam relacionar a dinâmica populacional em conjunto com a dinâmica ecológica ainda são uma promessa. O objetivo deste artigo é discutir a relação entre população e desenvolvimento no Antropoceno e os desafios colocados por uma demografia com perspectiva ecocêntrica.
Population and economic growth have a huge impact on the environment. Since the beginning of the Holocene, about
12,000 years ago, humanity has gone from about 5
million people to billions, and probably reaching over 11 billion by 2100. It was and
still has been a spectacular demographic growth. However
,
the increase of economic activities was several times greater. Global
economic growth has accelerated with the b
eginning of modernity and the European expansion, especially after the Great Navigations
and the process of colonization and exploitation of the natural resources of the Americas, though, economic growth became exp
onential
after the Industrial and Energeti
c Revolution that began in the late eighteenth century. In the period, known as classical modernity, there
was great human progress, but, at the same time, environmental regression. This opposition between the material advances of h
umanity
and the material
and energetic retreat of ecosystems was maintained and deepened in the late modernity (or postmodernity), allowing
even the emergence of a new geological age. In this context, the emergence of the ecocentric environmental sociology came up
to
analyze the
ecological reality of postmodernity. In the field of demography, on the contrary, theoretical and empirical approaches that
seek to relate population dynamics with ecological dynamics are still a promise. The objective of this paper is to discuss th
e rela
tionship
between population and development in the Anthropocene and to talk about the challenges posed by the demographic dynamic that
takes into account an ecocentric perspective