A virada à esquerda na polÃtica latino-americana do inÃcio do século tem sido associada a um novo consenso sobre o papel de um Estado ativo na promoção do desenvolvimento. O Brasil ostenta, historicamente, a condição de um dos mais desiguais paÃses do mundo. Todavia, os dados de redução da pobreza e de mobilidade social no paÃs na última década trouxeram de volta o reconhecimento da capacidade do Estado brasileiro de conduzir um processo de desenvolvimento, posta em dúvida desde a crise fiscal dos anos 80. Calcado na literatura sobre dependência da trajetória e sobre mudança institucional, o artigo apresenta uma análise dessas transformações, focalizando essa questão central: em que medida a chegada ao poder de um governo capitaneado por um partido de esquerda e as mudanças mencionadas representam uma ruptura com o legado institucional de desenvolvimento do paÃs e em que extensão são condicionadas por esse legado?
The left turn in Latin American politics has been associated to a new consensus over the role of the state in fostering development. Brazil historically stands as one of the most socially and economically unequal countries in the world. However, data on poverty reduction and social mobility in the country in the last decade have brought back the recognition of Brazilian government's ability to conduct a development process, which was strongly questioned since the fiscal crisis of the 80s. Drawing on the literature of path dependency and institutional change, the paper presents an analysis of these changes, focusing on the central question: to what extent the rise of a left-wing party to power and mentioned changes represent a break with the legacy of institutional development of the country and to what extent are them conditioned by this legacy?