A industrialização no Estado de São Paulo teve inÃcio no fim do século XIX, intensificando-se na segunda metade de século XX. Parte desse processo ocorreu sem o suporte de leis ambientais, que somente surgiram no estado em meados dos anos 1970. Em decorrência disso, parte do processo de industrialização ocorreu na ausência de um manejo adequado de resÃduos, provocando a contaminação ambiental em regiões industriais nas cidades do Estado de São Paulo. Este trabalho apresenta um estudo de caso sobre disposição irregular de resÃduos industriais organoclorados no litoral do estado, efetuada pela Clorogil S.A. durante parte dos anos 1960 e 1970. Tem como objetivo compreender como foi efetuada a disposição dos resÃduos e os problemas ambientais decorrentes dela. Como não houve registro de muitas das áreas empregadas como depósito irregular, é sumarizada a metodologia utilizada para descobrir e caracterizar esses depósitos, anos após a sua utilização. Adicionalmente, são analisadas algumas técnicas para recuperação das áreas contaminadas por resÃduos industriais organoclorados. Este trabalho justifica-se pelo fato de que os resÃduos industriais descartados estão classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes, que são compostos que causam graves prejuÃzos à saúde, possuem elevado efeito cumulativo e são altamente resistentes à degradação ambiental, caracterÃsticas que tornam difÃcil a recuperação de áreas contaminadas. A disposição de resÃduos estudada neste trabalho configura-se como um exemplo da má gestão ambiental, pois em nenhum momento as três regras básicas do manejo de resÃduos (reduzir a produção, estimular a sua reutilização e, finalmente, promover a destinação correta) foram consideradas. Embora esses resÃduos tenham sido depositados há mais de trinta anos, os impactos ao meio ambiente e à saúde pública persistem até o presente.