O artigo tem o objetivo de fazer uma análise do estado da democracia brasileira a partir de dados longitudinais do Consórcio Latinobarômetro, da Pesquisa Mundial de Valores (WVS), das Variedades de Democracia (V-Dem) e do mais recente Estado Global da Democracia do Instituto para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA). O trabalho, portanto, tem dois enfoques: o apoio de massas e o apoio institucional. O argumento central deste artigo é que a democracia brasileira tem apresentado uma queda consistente e constante no apoio de massas nos últimos anos, como também tem perdido terreno em sua dimensão institucional. Dessa forma, o problema que orienta este trabalho é delimitado pela seguinte questão: poderá a democracia brasileira sobreviver apenas sob uma fachada eleitoral, dados os sinais de agravamento em seu estado representados pela queda consistente e constante, não somente do apoio de massas, mas também do apoio às regras de competição, começando a ser menos assistidas e respeitadas pela elite política? Os resultados não são nada promissores para a democracia brasileira, principalmente quando colocados sob a análise de um quadro mais amplo de crise do modelo liberal de democracia pelo mundo, particularmente, pelo latino-americano e pelo brasileiro. A verificação dos dados reforça a máxima de que a democracia requer vigilância constante e de que os seus valores que vêm sendo transmitidos para as futuras gerações são tão importantes quanto uma arquitetura democrática mínima.