Tratamos, neste texto, de apresentar uma discussão proposta para a Mesa-redonda sobre LinguÃstica e LÃnguas indÃgenas, por ocasião do VII ECLAE, realizado na UFRPE, Campus Garanhuns-PE. Por volta de 1500, época em que os Portugueses chegaram ao Brasil, aqui eram faladas, de acordo com Rodrigues (1993), mais de 1200 lÃnguas nativas.
Hoje, o cálculo mais difundido para a situação atual é que existem 350 mil pessoas e 206 etnias, com cerca de 180 lÃnguas, das quais a grande maioria se encontra na região amazônica, para uma população que se distribui em 41 famÃlias, dois troncos, uma dezena de lÃnguas isoladas. Durante a colonização, as polÃticas de extermÃnio ou de integração dos povos indÃgenas dizimaram os povos nativos e/ou suas lÃnguas de uma forma brutal. No território hoje conhecido como Região Nordeste, onde a exploração aconteceu mais cedo, somente uma lÃngua sobrevive,
funcionalmente, até os dias atuais. Trata-se da lÃngua Yaathe falada pelos Fulni-ô, que vivem no municÃpio de Ãguas Belas/PE. Da maior parte das lÃnguas desaparecidas, não se tem qualquer registro porque elas não
foram descritas. Assim, o texto compõe-se de uma breve introdução sobre perspectivas de estudos linguÃsticos que vieram a contribuir para o trabalho com lÃnguas ágrafas, de um panorama da descrição de lÃnguas
indÃgenas no Brasil e da apresentação de alguns aspectos da tarefa de descrever lÃnguas ágrafas, tomando como exemplo para essa última questão dados da lÃngua Yaathe, em três nÃveis de análise (fonologia, morfologia e sintaxe).